Televisão

Morre aos 82 anos o ator e diretor Antônio Pedro

Na TV, ele participou de humorísticos como Escolinha do Professor Raimundo e Zorra Total

Antônio Pedro - Globo/Tata Barreto

Morreu neste domingo o ator Antônio Pedro, conhecido por uma série de personagens humorísticos na TV, em programas como Escolinha do Professor Raimundo, Zorra Total, Malhação e A diarista. A morte foi confirmada por uma das filhas dele, a também atriz Ana Baird.

Segundo a coluna de Patrícia Kogut, o velório está sendo realizado na capela 2 do Crematório e Cemitério da Penitência e, às 15h30, o ator será cremado.

Em sua longa carreira, ele fez dezenas de trabalhos na televisão, no cinema e no teatro. O seu papel mais recente na TV foi a série “Filhas de Eva”, (2021). Já no cinema, ele participou do longa “D. P. A. - Detetives do Prédio Azul 2 - O Mistério Italiano”, de 2018. O artista deixa três filhos, entre eles, as atrizes Ana Baird e Alice Borges.

O ator também teve atuação na política. Filiado ao Partido Democrático Trabalhista (PDT) durante anos, foi nomeado, em 1986, primeiro Secretário Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, mesmo cargo que ocuparia no município de Volta Redonda três anos depois. Em 1990, foi candidato a deputado estadual pelo partido, mas não conseguiu se eleger.

Ator que trabalhou em uma série de obras ao lado do humorista, Anselmo Vasconcellos publicou em suas redes sociais uma postagem em homenagem a Antônio Pedro.

"Meu grande parceiro Antonio Pedro com que tive as melhores oportunidades de trabalho em artes e conhecimento. Um artista revolucionario que desencaretou, desbundou o teatro , criou essembles historicos. Tinhamos planos sempre que ele chamava de " vamos armar a jogada". Jogamos juntos bonito pra caramba! Escolhi para ser padrinho do meu filho Vittorio e isso diz muito das minhas escolhas. Gracias baixinho", publicou.

Na próxima quinta-feira (16), o ator será celebrado na edição carioca 2023 do Prêmio de Humor, no Teatro XP, no Jockey Club do Rio de Janeiro. A premiação foi criada pelo humorista Fabio Porchat para incentivar e registrar a importância de nomes da comédia brasileira, "de quem nos fez chegar até aqui", diz Porchat. A homenagem já estava marcada ates da morte de Antônio Pedro.

Durante a internação do ator no hospital, Porchat teve a oportunidade de entregar o troféu ele, que construiu uma grande e importante carreira no teatro. Recentemente, a jornalista Mariana Filgueiras o entrevistou seguidas vezes em busca de colher e confirmar informações para escrever a biografia de Marco Nanini.

No processo, a repórter ficou impressionada com a memória do ator, então, com 81 anos. Com a certeza de que ele "levou uma vida divertida", Mariana destacou trechos da conversa em que o artista demonstrava sua paixão pelo teatro e pelo ofício de ator: "Aprendi teatro fazendo teatro, eu era da Filosofia e das Belas Artes. Aprendi fazendo, num tempo que sirene de polícia a gente fazia na corneta", disse ele. "A gente não pode se esquecer que interpretar, na língua de Shakespeare, é 'to play': brincar, jogar, tocar, lutar e representar. As pessoas se esqueceram de que interpretar é se divertir em cena, é se deixar afetar pelo outro. Esse é o ator-artista, como eu chamo. O que não se esqueceu disso".

Antônio Pedro também falou sobre o fato de ter dirigido Marco Nanini muitas vezes no teatro.

– Nos anos 70, sempre que uma peça dava errado, o Antônio Pedro era o diretor que chamavam pra apagar o incêndio - conta Mariana, destacando as lembranças do ator ao assumir a direção da peça "Pano de boca (Fauzi Arap, 1975):

"Acabei com aquele lance de laboratório e montei a peça em duas semanas. Nanini gostava de laboratório e pedia muito para que eu marcasse uma de suas cenas, um monólogo. Ele insistia, insistia. Eu dizia que achava um exagero marcar um ator no palco, que um ator devia saber o que fazer num palco sozinho: se sentava, se ia para um canto ou para o outro. Já acho chato marcar diálogo, porque confio que dois atores saibam o que fazer num palco. Marcar monólogo então... Um diretor precisa confiar no ator. Um ator de verdade sabe que é bom, mas fica inseguro. Na hora, no palco, ele sabe, mas depois diz que não sabe. Então quando um ator diz que não sabe, pode ter certeza: se ele for bom, ele sabe", contou ele.