Colapso do SVB: entenda o plano do governo americano para conter a crise nesta segunda (13)
Tesouro vai proteger clientes do banco. Preocupação é evitar que outras instituições sejam afetadas
O governo americano anunciou na noite deste domingo que vai assegurar que todos os depósitos feitos no Silicon Valley Bank (SVB) que quebrou na última sexta-feira - sejam pagos integralmente, enquanto corria para conter as consequências do colapso da instituição.
O Federal Reserve (o banco central dos EUA), o Tesouro e a FDIC, agência federal que tem como função a garantia de depósitos bancários, anunciaram em nota conjunta que quem tem depósitos no banco terá acesso a todo o dinheiro a partir desta segunda-feira, dia 13.
Veja as medidas de socorro do governo americano:
Será criado um programa de empréstimo de emergência para oferecer recursos aos bancos. O programa tem US$ 25 bilhões em recursos do Tesouro.
"Nenhuma perda associada à dissolução do Silicon Valley Bank recairá sobre o contribuinte", afirma a nota.
As autoridades afirmaram que vão aprovar um programa semelhante para o Signature Bank, um segundo banco a entrar em crise. O governo anunciou que ele foi fechado neste domingo pela autoridade estadual de licenciamento.
O Signature Bank, sediado em Nova York, se especializou em oferecer serviços bancários a escritórios de advocacia, fornecendo tudo, desde serviços de gerenciamento de caixa até contas de caução para manter o dinheiro do cliente.
A decisão de fechar o banco foi tomada em coordenação com o Departamento de Serviços Financeiros de Nova York, um dos reguladores do banco. Em nota, os reguladores bancários de Nova York afirmaram que o movimento ocorreu "à luz dos eventos do mercado, monitorando as tendências do mercado e colaborando estreitamente com outros reguladores estaduais e federais" para proteger consumidores e o sistema financeiro.
A decisão de cobrir os depósitos foi tomada depois que a FDIC assumiu o Silicon Valley Bank (SVB) na sexta, colocando quase US$ 175 bilhões em depósitos de clientes sob o controle da agência reguladora. A quebra do banco, a maior desde a crise financeira de 2008, levantou preocupações com o risco de que outras instituições financeiras pudessem ter destino similar enquanto o aumento das taxas de juros pressiona o setor bancário e correntistas nervosos consideram sacar o dinheiro.
Clientes com depósitos de até US$ 250 mil estão protegidos pela FDIC, mas o banco tem um grande número de contas acima deste limite - e não havia garantia de que estes clientes receberiam seu dinheiro integralmente.
Essa realidade trouxe nervosismo ao setor bancário ao longo do fim de semana, levando o governo a uma corrida para vender o banco a um comprador privado ou a encontrar alguma outra solução.
Funcionários do governo e economistas se preocupavam com o risco de que as pessoas que não tinham contas protegidas em outros bancos regionais começassem a temer pela segurança de seus depósitos - o que poderia levá-las a sacar o dinheiro ou levá-lo para bancos maiores, em busca de mais segurança. Isso, alertaram, poderia tornar o que até então se delineia como a quebra de um só banco em uma crise muito mais abrangente.
A questão-chave era "isso vai ser tratado de uma maneira que alivie as preocupações e evite que isso ocorra em outras instituições"?, resumiu Kristin Forbes, economista no MIT (Massachusetts Institute of Technology).
Foi esse pânico maior que os reguladores tentaram evitar com o pacote de medidas anunciado, que se aproveita de uma exceção que permite que a FDIC - que normalmente deve limpar o cenário de falência de um banco da forma mais barata possível - arriscar incorrer em custos adicionais se houver um risco para o sistema financeiro como um todo.
As agências federais disseram que "quaisquer perdas para o Fundo de Seguro de Depósito para apoiar os correntistas não segurados serão recuperadas por uma avaliação especial dos bancos, conforme exigido por lei”.
O FED anunciou que vai criar um programa de empréstimos de emergência, com a aprovação do Tesouro, para canalizar recursos adicionais para bancos elegíveis para ajudar a garantir que eles possam “atender às necessidades de todos os seus correntistas”.
O programa conta com US$ 25 bilhões em dinheiro de recursos do Tesouro originalmente destinados à estabilização cambial, mas agora usado regularmente como proteção para programas do Fed em tempos de crise. Ele oferecerá empréstimos de até um ano aos bancos, associações de poupança , cooperativas de crédito e outras instituições elegíveis em troca de títulos do Tesouro dos EUA, dívidas de agências e títulos lastreados em hipotecas.
Esses ativos serão avaliados pelo valor original. As taxas de juros subiram muito no ano passado, reduzindo o valor dos títulos de longo prazo que foram comprados quando as taxas estavam baixas. O novo programa do Fed pode dar uma solução alternativa às instituições financeiras que enfrentam grandes perdas se tiverem que resgatar seus títulos pelo valor de mercado atual.
A abrangência das medidas anunciadas pelo governo americano no domingo ressalta o temor de que a situação pudesse escalar. O movimento demonstra nosso compromisso para adotar as medidas necessárias para garantir a segurança dos depósitos, disseram as agências em nota conjunta.