Museu suíço investigará procedência de sua propriedade cultural no contexto da perseguição nazista
O Kunsthaus de Zurique já foi criticado por expor obras roubadas de judeus na Alemanha nazista
O Kunsthaus (Casa da Arte, em alemão) de Zurique, famoso Museu de Belas Artes da Suíça, garantiu nesta terça-feira (14) que quer esclarecer a origem de algumas obras de sua coleção, que poderiam ter sido confiscadas pelos nazistas.
O museu deseja apoiar "expressamente os esforços para estabelecer, em nível nacional, uma comissão independente para investigar as propriedades culturais confiscadas no contexto das perseguições nazista", indicou em comunicado.
Enquanto a criação deste órgão não acontece, a Sociedade da Arte de Zurique, proprietária do acervo do museu, "estabelecerá uma comissão internacional de especialistas (...) até o outono de 2023" para realizar investigações sobre obras de origem duvidosa.
Nosso principal objetivo deve ser sempre verificar profissionalmente a origem de nossas obras e propor soluções justas e equitativas quando houver indícios bem fundamentados de que bens culturais foram confiscados no contexto das perseguições nazistas, disse o presidente da Sociedade de Belas Artes de Zurique, Philipp Hildebrand.
O museu submeterá prioritariamente o próprio acervo, assim como as novas aquisições, em busca da procedência das obras.
"Como museu, temos uma grande responsabilidade social", disse a diretora Ann Demeester, "e por esse motivo consideramos essencial uma abordagem proativa e o mais transparente possível para a busca da procedência".
O museu foi alvo de críticas em 2021, durante a inauguração de uma nova ala destinada a abrigar permanentemente a coleção de Emil Bührle (1890-1956), um industrial e comerciante de armas nascido na Alemanha, naturalizado suíço em 1937.
Bührle criou uma grande coleção de obras de arte, algumas das quais podem ter sido roubadas de judeus ou vendidas às pressas por seus donos, para fugir dos nazistas.