Gilú Amaral lança seu novo álbum "O Sopro e a Percussão", nesta quarta-feira (15)
Artista apresenta sete faixas instrumentais que giram em torno do universo percussivo, com a presença marcante dos instrumentos de sopro
A bagagem das vivências e participações em festivais pelo mundo e as referências acumuladas nos mais de 26 anos de carreira estão presentes em “O Sopro e a Percussão”, segundo álbum do pernambucano Gilú Amaral, lançado hoje nas plataformas digitais. Nesse novo trabalho, o artista apresenta sete faixas instrumentais que giram em torno do universo percussivo, com a presença marcante dos instrumentos de sopro arranjados e gravados por nomes de destaque da música pernambucana.
“Foi através da minha bagagem, de tudo que eu estudei e fui incorporando nestes anos de carreira como percussionista, que resolvi sintetizar um pouco disso em um disco. Busquei trazer todas as minhas referências possíveis, primeiro de tudo que eu aprendi no meu Estado, que é realmente muito rico. Você percebe muito a música pernambucana nesse álbum. E, ao mesmo tempo, as minhas andanças pelo mundo. Eu sou um cara que vivo pelo mundo e que gosta da música do mundo”, destaca Gilú, que cita os maestros brasileiros Letieres Leites, Naná Vasconcelos, Hermeto Pascoal, e do músico, compositor e arranjador libanês Rabih Abou-Khalil como grandes influências.
Um álbum de maturação lenta
A ideia de gravar um álbum instrumental surgiu em 2017, quando Gilu ainda sequer havia lançado seu primeiro álbum solo, “Pejí” (2018). Ele apresentava um espetáculo de percussão e Carlinhos Borges, fundador do Estúdio Carranca foi assistir. “Eu estava em um momento delicado da minha vida pessoal, mas quando a gente passa por momentos assim, a gente precisa ressignificar. E o show foi muito legal, eu estava inspirado. Quando acabou o show, Carlinhos me procurou e perguntou se eu tinha algo para gravar”, lembra Gilú.
“Eu já tinha um trabalho instrumental e tinha até pensado no nome. Eu disse, ‘Carlinhos, eu queria um disco com sopro e percussão. E ele me convidou para o estúdio para eu mostrar o que seria isso. Eu disse a ele: ‘eu quero construir um disco a partir de uma peça de percussão. No estúdio, eu fiz uma peça de percussão com começo, meio e fim (introdução, parte A e B, especial. Ele viu e entendeu a vibe”, explica. A partir de então, ele foi gravando as peças de percussão que serviria de base para o disco com sete faixas, gravadas, mixadas e masterizadas entre 2017 e 2021, no Estúdio Carranca. Em razão da pandemia, só agora o artista apresenta o resultado desse trabalho.
Participações de arranjadores
Quando terminou de gravar as peças de percussão que incluíram a mimbira, a zabumba, a alfaia, o pandeiro, o ilú, a ngoma, o caixa, o ganzá, o baji e o berimbau, contemplando em sete faixas os ritmos de Pernambuco, as influências da África e da música mundial, o artista convidou diversos arranjadores de sopro e lançou o desafio criativo de criar canções em cima das suas bases percussivas. Participaram Henrique Albino, Parrô Melo, Ivan do Espírito Santo, Nilsinho Amarante e Alexandre Rodrigues (Copinha), Alex Santana e Jonatas Gomes, entre outros.
“Não é só uma parceria de vir gravar, e sim de ter músicas juntos, o que eterniza esses encontros. Me sinto à vontade em ter feito esta provocação de as composições começarem a partir da percussão, para só depois convidar os arranjadores. O mais comum é a lógica ser inversa, já existindo uma melodia para depois ser acrescentada a parte rítmica. Eu juntei uma nata de músicos com sonoridades e escolas distintas, embora todos tenham uma coisa em comum que é o frevo, que é a nossa escola forte na metaleira e na percussão também", conta Gilú.
Trajetória do artista
Um dos principais projetos da carreira de Gilú Amaral foi o espetáculo solo “Percursos”, de 2015, que o levou a fazer turnês nos Estados Unidos e na Europa, duas vezes. O artista também participou de festivais e tocou em casas de shows importantes, como a Casa da Música, em Porto (Portugal). Aos 12 anos, ganhou os primeiros cachês e, aos 19, se lançou no mercado internacional.
Até hoje, aos 38 anos, Gilú contabiliza participações em mais de 200 discos e turnês, a exemplo de Naná Vasconcelos, além de Ave Sangria, Renata Rosa, Banda de Pau e Corda e Bonsucesso Samba Clube. Com a Orquestra Contemporânea de Olinda ganhou a indicação ao Grammy e a citação entre os 10 Melhores Concertos do Brasil, em ranking do jornal O Globo. Gilú também é produtor musical, compositor de trilhas sonoras para filmes e espetáculos de dança, além de curador do Festival Aurora Instrumental.