ENCONTRO

Primeiro tiroteio da bancada pernambucana arranha a governadora Raquel Lyra

Ausência da governadora em reunião gerou um ambiente de hostilidade e constrangimento

O encontro seria apenas para o Alto Comando do Exército detalhar o projeto de abertura da Escola de Sargento e Armas, em Abreu e Lima - Divulgação

O que seria apenas um encontro para o Alto Comando do Exército detalhar o projeto de abertura da Escola de Sargento e Armas em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife, ontem, em Brasília, virou palco para um bombardeio de críticas à governadora Raquel Lyra (PSDB). Sua ausência gerou um ambiente de hostilidade e constrangimento.

Tentando minimizar, o deputado Coronel Meira (PL) ligou para o celular da governadora, que não atendeu. Responsável pela iniciativa e anfitrião – a reunião foi realizada no auditório do seu Ministério, o de Defesa, José Múcio Monteiro confirmou que o convite foi feito oficialmente.

Presente ao encontro, o deputado Augusto Coutinho (Republicanos), coordenador da bancada, disse que tudo foi feito de forma protocolar, referindo-se ao convite à governadora.

"Na verdade, nós havíamos definido uma data anterior, mas a pedido dela adiamos e marcamos para hoje (ontem) acordado com Raquel", disse Coutinho. Não foi apenas a ausência dela que irritou a bancada e constrangeu o ministro e o comandante do Exército, responsável pela escola, investimento de cerca de R$ 2 bilhões. Foi, sobretudo, a ausência de um interlocutor do seu Governo.

"Não mandar sequer um representante pegou muito mal", disse o senador Fernando Dueire (MDB), o único senador do Estado que compareceu. A bancada esteve presente na sua quase totalidade. O deputado Túlio Gadelha (Rede) chegou a questionar os aspectos ambientais do projeto, mas com a ressalva de que não estava falando em nome da governadora, a quem apoiou no segundo turno das eleições passadas.

Para o deputado Coronel Meira (PL) faltou visão e sensibilidade ao Governo Raquel. "Estamos diante da maior obra federal em Pernambuco. Ela deveria ter vindo", criticou, depois de ter uma ligação recusada para o celular de Raquel.

Percebendo que ainda havia dúvidas em relação ao empreendimento, o comandante do Exército, General Thomaz, afirmou que a decisão de instalar a escola em Pernambuco está tomada e não haveria recuo por parte do Governo.

Os deputados Valdemar Oliveira (Avante), Silvio Costa Filho (Republicanos) e André Ferreira (PL) também criticaram a ausência da governadora e a entenderam como um recado de que a escola não faz parte dos projetos do seu interesse. Já o deputado Lucas Ramos (PSB) disse que faltou discernimento à governadora. "Eu conheço esse projeto a fundo e sei da sua importância para o Estado. Mas se ela não quer se envolver na discussão, só temos que lamentar. Nada mais", disse o parlamentar socialista.

O auxiliar do comandante do Exército chegou a dizer, na sua fala, que a governadora e sua equipe não estavam compreendendo a importância da Escola. "Passa a impressão que a governadora está mal informada, como se dissesse eu não vou pagar essa fatura de algo que não tenho responsabilidade", disse, referindo-se ao aporte de R$ 230 milhões que o Governo de Pernambuco terá que fazer em razão do protocolo assinado pelo governo anterior.