Crítica

"Shazam! Fúria dos Deuses" mantém leveza do filme anterior, mas derrapa com roteiro confuso

O novo longa-metragem dá continuidade à jornada de amadurecimento de Billy Batson, o Shazam

Cena de "Shazam: Fúria dos Deuses" - Divulgação

“Shazam! Fúria dos Deuses”, que chega nesta quinta-feira (16) aos cinemas, é o mais puro suco de filme de super-herói, com todos os méritos e deméritos que um título como esse carrega. A história do adolescente que transforma-se no musculoso herói de uniforme vermelho ganha sequência, mantendo a leveza e bom humor do primeiro filme, mas derrapando aqui e acolá no roteiro. 
 


O novo longa-metragem dá continuidade à jornada de amadurecimento de Billy Batson (Asher Angel). Agora, além de dar conta dos próprios poderes e responsabilidades, ele precisa liderar bem seus irmãos, com quem ele compartilhou suas habilidades especiais. O problema é que Freddy (Jack Dylan Grazer), Eugene (Ian Chen), Darla (Faithe Herman), Pedro (Jovan Armand) e Mary (Grace Fulton) estão mergulhados em seus próprios interesses. 

Família
O pano de fundo familiar, que rende alguns dos momentos mais emocionantes do filme anterior, também ocupa um grande espaço na trama da sequência. Se como Shazam (Zachary Levi) a maior preocupação do protagonista é proteger sua cidade, o jovem Billy teme mesmo é, ao completar 18 anos, perder o vínculo conquistado com sua família adotiva e ser novamente abandonado. 
 


No lado das vilãs da história, as relações familiares também têm um peso importante. Rachel Zegler, Lucy Liu e Helen Mirren são as filhas de Atlas, titã derrotado pelo mago (Djimon Hounsou) que deu os poderes a Billy. Após o herói quebrar o cajado mágico do feiticeiro, as divindades irmãs chegam à Terra em busca de vingança. Elas vão atrás de Shazam e sua família, já que consideram que eles roubaram os poderes dos deuses antigos. 

Roteiro ruim de entender
Pode ser um tanto difícil entender as motivações do trio antagonista. Sua história é permeada de referências à mitologia grega e à origem dos poderes do Shazam, que carecem de uma explicação um pouco mais didática no filme. A própria Helen Mirren chegou a confessar, em entrevista ao programa “The Graham Norton Show”, que achou o enredo complicado demais. “Interpretamos deusas raivosas que usam figurinos inacreditavelmente pesados, isso é tudo o que eu sei", disse.  

“Shazam! Fúria dos Deuses” é o tipo de filme que entrega o que promete, sem surpreender o público com grandes ousadias na trama. O roteiro usa e abusa de soluções fáceis e um tanto óbvias, com personagens sem muitas camadas a serem exploradas. De volta à direção, David F. Sandberg imprime o mesmo clima solar de seu trabalho anterior, afastando-se do tom sombrio adotado em outras produções pouco memoráveis da DC nos cinemas. Além disso, o filme conta com um CGI (imagens geradas por computador) que deve agradar o espectador mais atento e exigente. 

E o futuro?
Com a notícia de que o universo cinematográfico da DC passará por um reboot nas mãos de James Gunn e de Peter Safran, paira no ar a dúvida sobre a continuidade do herói nas telas. É certo que, ao filmar o segundo longa, as perspectiva de Sandberg parecia ser de manutenção daquilo que já estava estabelecido, tendo em vista a participação de Gal Gadot como Mulher-Maravilha e as cenas pós-crédito, que indicam uma retomada da Sociedade da Justiça (grupo introduzido no fracassado “Adão Negro”) e a volta do vilão Dr. Silvana (Mark Strong). As mudanças empreendidas pela Warner, no entanto, fazem com que essas pequenas surpresas cheguem ao público já com prazo de validade vencido.