Novabio quer novo protocolo de comparação entre a gasolina e o etanol hidratado
Pedido foi apresentado ao Ministério de Minas e Energia para esclarecer aos consumidores e quebrar mitos estabelecidos há muitos anos
O dirigente Renato Cunha, presidente executivo da Novabio e presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), solicitou ao Ministério das Minas e Energia um novo estudo que possa alterar as medidas de comparação entre a competitividade da gasolina e do álcool hidratado, visando melhor esclarecer os consumidores. Renato, que representa o setor sucroenergético, sobretudo com usinas no Nordeste, espera a criação de um novo protocolo de aconselhamento sobre o consumo. A iniciativa exigirá uma reavaliação entre a eficiência energética do etanol hidratado e da gasolina C usada no Brasil.
Ele constata que essa equação precisa ser atualizada levando-se em conta que, desde 2015, a mistura do etanol anidro na gasolina não é mais de 22%, mas de 27% , o que melhorou a qualidade final da gasolina vendida no país. Assim, a revisão vai conferir melhor se só vale a pena abastecer com etanol hidratado, caso o produto esteja 70% mais barato do que o combustível derivado de petróleo.
O Nordeste tem mais de 250 municípios envolvidos na produção da cana-de-açúcar e do álcool, especialmente em Pernambuco e Alagoas. O setor gera mais de 280 mil empregos na região. “O etanol é um produto verde e limpo que dá um upgrade na qualidade ambiental da gasolina”, destacou.
Renato Cunha acredita haver novas variáveis que precisam ser levadas em conta e atualizadas na hora de escolher entre abastecer com álcool ou gasolina. “Fizemos uma proposta ao Ministério de Minas e Energia solicitando um estudo para alteração dos parâmetros do teste de paridade, que é a relação de eficiência energética entre o etanol hidratado e a gasolina de referência, denominada de C, que se usa no Brasil. A solicitação proposta vai no sentido que o Ministério consulte órgãos como o INMETRO e do meio ambiente”, pontuou.
Foto: Paullo Allmeida/Folha de Pernambuco
O presidente executivo da Novabio explicou existir um dilema criado a partir da década de 1980 sobre os dois combustíveis, que está desatualizado. Ele lembrou que houve mudanças nas últimas décadas, entre elas, o aumento da mistura do etanol anidro na gasolina, havendo ampliação da porcentagem do produto limpo. Renato Cunha detalhou: “Entre 1993 a 2001, a gasolina tinha 22% de etanol. Houve outro período, após 2001, onde a mistura foi ampliada até 24%. E de 2015 até os dias atuais, a mistura é de 27%. Esse período com os 27% precisa ser atualizado”.
“Esse questionamento pode ser encarado como uma oportunidade para que se crie um novo protocolo de descarbonização. O Inmetro e o Ibama são responsáveis pelos testes de emissões e de eficiência energética. Esse cálculo de emissões deve envolver parâmetros como velocidade adotada pelos usuários, distância percorrida, aceleração, tempo de condução, frequências das partidas e paradas, entre outros. O que sentimos é que essa decisão já deveria ter saído para que haja uma utilização racional dos combustíveis veiculares. É importante que os órgãos façam uma nova etiquetagem veicular do consumo de combustíveis”.
Renato Cunha reforçou que há três fatores a serem reavaliados: a tecnologia mais econômica dos automóveis, a maneira de dirigir e os níveis de mistura do etanol anidro na gasolina, que aumentou para 27%.