Política

Lira diz que governo ainda encontra "dificuldades de apoio no Congresso", mas que "tem avançado"

Em meio a impasse sobre a tramitação de medidas provisórias, presidente da Câmara afirmou que tem 'conversado pouco' com Rodrigo Pacheco, que comanda o Senado

Entrevista de Lira à GloboNews - Reprodução

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), baixou o tom da análise sobre a construção de uma base do governo federal no Congresso. Em entrevista à jornalista Miriam Leitão, exibida ao vivo pela GloboNews na noite de quarta-feira (15), Lira disse que o Planalto ainda enfrenta resistências, mas que o quadro, hoje, é mais favorável. Na semana passada, o parlamentar havia afirmado que o governo não tinha votos "para enfrentar matérias de maioria simples, quanto mais matéria de quórum constitucional".

— Nota-se o esforço que o governo fez de atrair partidos políticos para a sua base. Naquele momento (da declaração anterior), e ainda, o governo tem dificuldades de apoio no Congresso Nacional. Na Câmara, mais. Mas o governo tem avançado — reconheceu Lira.

No dia seguinte à fala do presidente da Câmara, ele e Lula encontraram-se para um jantar. Segundo Lira, as conversas com o chefe do Executivo "sempre são tranquilas e agradáveis". O deputado, porém, negou que o encontro tenha incluído negociações sobre distribuição de cargos.

"Eu nunca falei de cargos com o presidente Lula", relatou Lira, acrescentando que "nunca achou que fosse a melhor maneira" de governar um cenário com o "Legislativo ocupando espaço no Executivo". "Não me sinto à vontade quando se fala de governo de coalizão".

Questionado, então, sobre o papel do chamado Centrão — grupo político que tem em Lira um de seus principais expoentes — em sucessivas gestões, o presidente da Câmara desconversou:

— Partidos de Centro existiram a vida toda. De Ulysses Guimarães a Arthur Lira. O Brasil não virou uma Argentina porque tem partidos de Centro, que equilibram os extremos.

Na entrevista, Lira defendeu que seja aprovada uma mudança na Constituição no que diz respeito ao trâmite das medidas provisórias no Congresso. O tema é motivo de um impasse entre ele e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Hoje, as MPs estão começando a avançar pela Câmara — senadores defendem o retorno das comissões mistas, com 12 integrantes de cada Casa, modelo que vigorava até a pandemia.

Lira, no entanto, argumenta que este mecanismo promovia um desequilíbrio, já que há 513 deputados e 81 senadores. Ele busca construir uma alteração no texto constitucional para que as medidas provisórias comecem a ser analisadas direto em plenário, ora da Câmara, ora do Senado. Em meio ao impasse, Lira reconheceu que não vem falando com a mesma regularidade com Pacheco:

— Temos conversado pouco.

O presidente da Câmara também tratou de temas econômicos, sobretudo do novo arcabouço fiscal, que vem sendo gestado pelo Ministério da Economia. Lira elogiou a condução do tema por Fernando Haddad, titular da pasta:

"Ele conta com a simpatia dos líderes da Câmara. Tem demonstrado muita maturidade e diálogo, buscando o equilíbrio desse texto. E nós precisamos desse texto".

Ao fim da entrevista, Lira foi perguntado sobre a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem foi aliado. O deputado citou números de pesquisas que mostram a perda de popularidade do adversário de Lula nas últimas eleições e lembrou que ele encontra-se nos Estados Unidos desde o início do mandato do petista, o que pode ter afetado, neste momento, sua relevância política.

"É lógico que ele perdeu tamanho", resumiu Lira.