PERNAMBUCO

Moradores de cidades da Mata Sul ganham quintais ecoprodutivos para combater fome e desnutrição

Iniciativa é uma parceria do Complexo Industrial de Suape e a Caritas Regional Nordeste 2

Projeto de quintais ecoprodutivos dialoga com o combate à fome e à desnutrição das famílias - Melissa Fernandes/Folha de Pernambuco

Moradores residentes nos municípios de Escada, Moreno, Ribeirão e Rio Formoso, na Mata Sul de Pernambuco,  foram beneficiados, nesta quinta-feira (16), com a entrega de 120 quintais ecoprodutivos pelo Complexo Industrial Portuário de Suape, em parceria com a Cáritas Brasileira Regional Nordeste 2. O projeto foi iniciado na gestão do governador Paulo Câmara.

O evento contou com a presença do atual diretor-presidente da estatal, Marcio Guiot, e do arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido. O projeto visa gerar a produção de alimentos e gerar renda para famílias em situação de vulnerabilidade social. 

A cerimônia teve um estilo informal, regada a forró, e foi realizada na sede da Cúria Metropolitana, localizada na avenida Rui Barbosa, nas Graças, Zona Norte do Recife.

Os quintais ecoprodutivos previstos no contrato com a Cáritas, via certame, têm a implantação de hortas suspensas, galinheiros móveis, fornos ecológicos, cisternas e outras tecnologias geradoras de alimentos para consumo próprio e comercialização do excedente.

Famílias do Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca e Sirinhaém foram as primeiras beneficiados. A primeira entrega ocorreu em agosto do ano passado e contemplou 100 dos 300 espaços ecoprodutivos. O investimento total dessas ações é de R$ 3,3 milhões até maio deste ano, quando o projeto será finalizado. Existe a expectativa de continuidade, mas em outro formato, com adesão e apoio de empresas privadas.

Segundo o coordenador do projeto, Germano Barros, a iniciativa dialoga com a perspectiva do local onde as famílias moram,  com a produção de alimentos saudáveis para consumo próprio e venda. "Esse projeto tem três questões fundamentais. A primeira dimensão é a segurança alimentar da família, as famílias produzem este alimento para o consumo. A segunda importância é a comercialização do excedente e a terceira é o resgate da identidade das famílias com seu local de origem, sobretudo porque são oriundas da agricultura familiar, dos engenhos, dos mangues, famílias que têm toda sua ancestralidade com o mar, com os mangues e a agricultura familiar. Neste sentido, o projeto dialoga com a perspectiva de desenvolvimento do território estratégico, buscando tornar aquele território agroecológico, com a produção alimento saudável, sobretudo porque estamos enfrentando a fome e a desnutrição das famílias", disse Germano.

“Projetos como estes servem para complementar nossa atividade. todos nós sabemos da importância e da relevância de Suape, de todo o complexo. São mais de 80 empresas instaladas, a gente gera milhares de empregos, a gente movimenta a economia local, mas acaba não sendo suficiente. Muita gente de fora deste contexto e projetos assim servem para a gente aumentar nosso impacto positivo inserindo as pessoas num contexto socioeconômico”, disse Márcio Guiot, escolhido para ficar à frente do Porto pela gestão de Raquel Lyra. 

Para o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Saburido, a iniciativa é de fundamental importância “não só pelo fato de que os agricultores estão obtendo alimento para as famílias como conseguindo algum lucro, vendendo para fora. Isso deve ser estimulado e incentivado. Vamos caminhando nessa parceria para ter cada vez mais pessoas envolvidas neste projeto”, afirmou. 

BENEFICIADAS

Marluce Borges, 60 anos, que já faz parte de uma horta ecológica, foi contemplada com um fogão à lenha de um metro e meio, aproximadamente, onde cozinha para a família e faz bolos, salgados e pratos típicos da culinária pernambucana. “Todo mundo que chega lá em casa se admira com meu fogão, que tem chaminé e não prejudica ninguém com a fumaça. Eu faço de tudo nesse fogão, a carne assada, a galinha assada, oh, meu Deus do céu! Tudo fica mais gostoso”, orgulhou-se a moradora da Vila Claudete, no Cabo de Santo Agostinho.

Erivan Maria da Conceição, 58 anos, foi beneficiada com um galinheiro e ração. Ela sempre cuidou de galinhas, no intuito de não estragar comida. Agora, ela tem a criação de 15 aves para se alimentar e vender, caso haja excedente. “Para mim, juntou uma coisa com a outra, a vontade de criar e a oportunidade que a gente teve. É muito bom matar uma galinha, fazer um almoço… Eu vou criar até não poder mais.