Desperdício

Cardoso diz que queima de remédios para doenças raras pelo governo Bolsonaro é criminoso e desumano

Uma das suspeitas levantadas pelo ex-ministro é de que compraram a mais porque havia algo mais a receber pela compra dos medicamentos

Cardozo: "A sociedade brasileira tem que exigir e cobrar uma punição severa" - Reprodução/Internet

O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo classificou como "ato de improbidade e desumanidade" a incineração de medicamentos de alto custo para doenças raras pelo governo Bolsonaro (PL), denunciada nesta quinta-feira (16) pela Folha de S. Paulo. O desperdício com a queima dos medicamentos chega a R$ 13,5 milhões. Em entrevista ao UOL News, Cardozo não poupou críticas à má gestão do caso.

“É ato de improbidade, de desumanidade e, provavelmente, criminoso. Gastar dinheiro público dessa forma e privar pessoas de receber medicamentos por negligência”, disse o ex-ministro.

Ele ainda chamou a ação de desumana e cruel. “É dinheiro público. São pessoas que estão morrendo porque esses medicamentos não são entregues. Alguém pode dizer que havia remédios suficientes. Então compraram a mais? Tem corrupção por trás? Isso é outra coisa que precisa ser colocada em pratos limpos”, acrescentou.

Cardozo lembrou, também, que a gestão Bolsonaro foi marcada por irregularidades no Ministério da Saúde. Exemplificou com a compra da vacina Covaxin e o vencimento de 39 milhões de imunizantes no combate à covid-19, no auge da pandemia.

O ex-ministro cobrou uma investigação minuciosa do caso da incineração dos remédios, uma vez que pode haver indícios de corrupção na aquisição destes medicamentos ou negligência caracterizadora de uma situação de improbidade, de desmando, e que exige uma responsabilização.

“Ou é algo pior: compraram a mais porque havia algo mais a receber por essa compra. Já houve problemas no Ministério da Saúde de gente querendo negociar acima do preço, superfaturado. Alguma coisa está errada. Ato ilícito, tem”, pontuou.

Para Cardozo, algo grave aconteceu e deve ser apurado. “A sociedade brasileira tem que exigir e cobrar uma punição severa. Não há saída boa para um caso como esse”, criticou Cardozo.