GASTOS PÚBLICOS

Novo arcabouço fiscal: "Haddad pode esperar total lealdade e parceria do BNDES", diz Mercadante

Presidente do banco afirma que foco é atuar para impulsionar a indústria, a sustentabilidade e o crescimento do país

Haddad - Antonio Cruz/Agência Brasil

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, afirmou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad tem apoio irrestrito do BNDES em seu projeto para o novo arcabouço fiscal para o país.

"Em relação ao novo arcabouço fiscal, Haddad pode esperar total lealdade e parceria do BNDES. Não nos peçam para não dizer o que pensamos nem de ajudar o governo. Vamos apoiar, ajudar a encontrar o melhor caminho para o país, adotar as melhoras práticas" afirmou Mercadante, adicionando uma crítica a conduta do banco no governo de Jair Bolsonaro:

"Aquele banco acanhado acabou. Vamos investir."

Na reta final antes da apresentação da âncora fiscal, Haddad terá mais uma reunião com ministros do governo nesta terça-feira para explicar os detalhes da proposta de mudança das regras costuradas pelo governo para controlar a dívida pública.

O novo arcabouço fiscal deverá ser novamente discutido pela Junta de Execução Orçamentária (JEO) com os ministros Rui Costa, da Casa Civil, Simone Tebet, do Planejamento, e Esther Dweck, da Gestão. O encontro estava previsto para esta segunda-feira (20), mas foi adiado para esta terça (21).

Mercadante participa da abertura do Seminário Estratégias de desenvolvimento sustentável para o século XXI, organizado pelo BNDES na sede do banco, no Rio de Janeiro.

Na mesa de abertura do evento estão ainda Geraldo Alckmin, vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento; Esther Duek, ministra da Gestão; Josué Gomes da Silva, presidente da Fiesp, e José Pio Borges, presidente do Conselho Curador do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).

Há ministros de outros governos, como os economistas Pedro Malan e Izabela Teixeira, e especialistas como o economista Eduardo Gianetti. Presentes ainda nomes que participarão do evento, como o economista André Lara Resende e o prêmio Nobel de Economia, Joseph Stiglitz.

Também estiveram presentes no seminário João Paulo Capobianco, secretário executivo do Meio Ambiente; Jorge Viana, presidente da Apex-Brasil; João Pedro Nascimento, presidente da CVM; e José Velloso Dias, presidente da Abimaq, além de nomes como Carlos Eduardo Gabas e Raul Jungmann. Também estão presentes Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, e Lindbergh Farias (PT).

Apoio ao presidente da Fiesp
Também em sua fala de abertura, Mercadante reforçou o apoio a Josué Gomes, que foi alvo de disputas políticas internas na Fiesp que quase resultaram em sua deposição do cargo de presidente da instituição:

"Josué é hoje o grande defensor da indústria, do chão da fábrica. E tem todo o nosso apoio e a nossa solidariedade" afirmou o presidente do BNDES, que já havia reforçado seu apoio ao tomar posse no BNDES.

As desavenças sobre o comando da Fiesp foram pacificadas após a assinatura e um acordo, no fim de janeiro, assinado por Josué Gomes e Paulo Skaf, ex-presidente da entidade.

Mercadante concentrou sua fala na mudança na condução do BNDES, com foco em fazer com que o banco tenha papel de peso em apoiar a construção de políticas públicas e o desenvolvimento do país.

"Temos uma longa história de contribuição em políticas públicas. Estamos cumprindo o papel de subsidiar, de apoiar o governo. Não estamos concorrendo com nenhum ministério" afirmou.

Josué Gomes defende reindustrialização
Ao discursar no evento, o presidente da FIESP destacou a necessidade da reindustrialização brasileira. Segundo Josué Gomes, a alta carga tributária do setor industrial e a alta taxa de juros no país, ao longo de quatro décadas, foram circunstâncias negativas impostas à indústria e tem minado sua participação no PIB brasileiro.

"Precisamos oferecer para o setor produtivo nacional, especialmente indústria de transformação, taxas de juros compatíveis e uma tributação isonômica com relação aos demais setores. (...) É inconcebível o patamar de juros do Brasil", disse Gomes, que destacou a importância das reservas cambiais que trazem credibilidade ao país.

O presidente da FIESP comparou ainda as condições do setor industrial com as do setor agropecuário, que conta com o Plano Safra, programa do governo federal que destina anualmente recursos para custeio e investimento do setor.

"O agro tem o Plano Safra. Por que não criar um ‘Plano Produção’?", questionou ele, que também criticou o alto nível de impostos pago pelo setor industrial, em detrimento do setor agro.