Rússia processa diretor da ONG Memorial por 'desacreditar' Exército
Acusação é apoiada por um artigo do Código Penal usado contra os críticos do conflito na Ucrânia
As autoridades russas abriram um processo criminal contra Oleg Orlov, copresidente da ONG Memorial, acusando-o de ter "desacreditado" o Exército — informou a organização nesta terça-feira (21).
Em uma mensagem publicada no Telegram, a Memorial informou que Orlov está sendo processado por "atividades públicas destinadas a desacreditar" as Forças Armadas russas. Essa acusação é apoiada por um artigo do Código Penal usado contra os críticos do conflito na Ucrânia.
Se Orlov for indiciado, pode enfrentar uma pena de prisão severa.
Horas antes, a polícia russa realizou buscas na residência de pelo menos nove pessoas, incluindo Orlov e o cofundador da ONG Yan Rachinsky, assim como nos escritórios da Memorial em Moscou.
Segundo a organização, vários deles foram levados para a delegacia.
Essas medidas ocorrem após a abertura, no início de março, de uma investigação contra a Memorial por "reabilitação do nazismo", segundo o grupo.
As autoridades acusam a ONG de ter incluído em sua lista de vítimas da repressão soviética os nomes de três pessoas que teriam sido condenadas por "traição", ou por colaboração com o regime nazista.
Fundada em 1989, a Memorial documenta os crimes da URSS há mais de três décadas, com base em arquivos e exposições, pressionando o Estado a reconhecer sua responsabilidade.
Uma das ganhadoras do Prêmio Nobel da Paz em 2022, a organização foi proibida na Rússia.