Conflito

Etiópia e Eritreia rejeitam acusações dos EUA sobre crimes de guerra

Ministério das Relações Exteriores da Etiópia afirma que a declaração distribui injustamente a culpa entre as diferentes partes do conflito

Antony Blinken fez na semana passada sua primeira visita à Etiópia desde a assinatura do acordo de novembro de 2022 entre o governo federal e os rebeldes do Tigré - Jim Watson/AFP

Os governos da Etiópia e da Eritreia rejeitaram nesta terça-feira (21) as denúncias dos Estados Unidos de que suas forças cometeram crimes de guerra durante os dois anos de conflito na região do Tigré.

"A declaração dos Estados Unidos é incendiária", disse o Ministério das Relações Exteriores da Etiópia em um comunicado, acrescentando que as acusações são "parciais".

Na segunda-feira, Washington acusou todas as partes no conflito de crimes de guerra, mas destacou em particular as forças da Etiópia, Eritreia e da região de Amhara de crimes contra a humanidade, sem mencionar os rebeldes do Tigré.

"Muitas ações não foram aleatórias nem um mero subproduto da guerra. Foram calculadas e deliberadas", afirmou na segunda-feira o secretário de Estado americano, Antony Blinken, ao apresentar um relatório anual do governo dos Estados Unidos sobre direitos humanos.

Blinken fez na semana passada sua primeira visita à Etiópia desde a assinatura do acordo de novembro de 2022 entre o governo federal e os rebeldes do Tigré.

O comunicado do ministério das Relações Exteriores da Etiópia afirma que a declaração dos Estados Unidos "distribui injustamente a culpa entre as diferentes partes do conflito".

"A abordagem parcial e divisiva dos Estados Unidos é equivocada", acrescenta a nota, que considera a afirmação "injustificável" e pouco útil para o processo de paz.

A Eritreia também rejeitou as acusações, que classificou como "difamatórias".

"As acusações, que não são novas, não se baseiam em nenhuma evidência à base de fatos e que seja inquestionável", disse o ministério das Relações Exteriores da Eritreia.

Washington calcula que quase 500.000 pessoas morreram na guerra de dois anos, o que faz deste um dos conflitos mais violentos do século XXI.