Crise no Peru

Presidente do Peru demite chefe da polícia, investigado por caso contra ex-presidente Castillo

Alfaro, que não se pronunciou sobre as acusações, estava à frente da Polícia Nacional desde agosto

General Raúl Alfaro, investigado por seus vínculos com uma suposta rede de corrupção que operava sob as ordens do ex-presidente Pedro Castillo - Ministério do Interior do Peru / AFP

O governo peruano exonerou nesta terça-feira (21) o chefe máximo da Polícia, general Raúl Alfaro, investigado por seus vínculos com uma suposta rede de corrupção que operava sob as ordens do ex-presidente Pedro Castillo, preso em Lima desde sua fracassada tentativa de dissolver o Congresso em dezembro.

"Decide-se dar por encerrada a nomeação (do general Alfaro) para o cargo de comandante geral da Polícia Nacional do Peru" e passá-lo para a "reforma", diz o decreto oficial assinado pela presidente Dina Boluarte.

Alfaro está sendo investigado pelo Ministério Público por seus supostos vínculos com uma "rede criminosa" que operou no governo Castillo, que cumpre prisão preventiva enquanto a Justiça decide se o leva a julgamento por múltiplos crimes de corrupção.

Na segunda-feira (20), as autoridades invadiram a casa e o escritório do oficial agora reformado, no centro de Lima, após a divulgação de uma foto na qual ele aparece junto com o espanhol Jorge Hernández, ex-assessor de Inteligência de Castillo e também detido no âmbito do processo contra o ex-presidente.

Alfaro, que não se pronunciou sobre as acusações, estava à frente da Polícia Nacional desde agosto, quando foi nomeado por Castillo.

Agora, Boluarte nomeou o general Jorge Angulo como novo comandante da instituição.

"Maus elementos"
A presidente, que era vice-presidente de Castillo, alertou nesta terça que continuará removendo "os maus elementos" que se infiltraram no Estado durante a administração de seu antecessor.

"Aqui não haverá impunidade para corruptos e corruptores. Estamos tomando as medidas correspondentes para afastar do Estado os maus elementos que estiveram envolvidos com a corrupção", disse a governante em uma atividade oficial.

"Não permitiremos que personagens com interesses políticos subalternos e dando tiros no escuro lá de Diroes (lugar onde Castillo está preso) com falácias e mentiras pretendam enfraquecer este governo democrático e constitucional", acrescentou.

A destituição de Castillo desencadeou protestos que foram duramente reprimidos pelas forças de segurança e que deixaram 54 mortos e centenas de feridos desde dezembro.

No entanto, as manifestações perderam força no último mês.

Eleito para um período de cinco anos, Castillo estava no poder há 17 meses quando foi destituído.

Com ele, são quatro os presidentes que foram destituídos pelo Legislativo peruano desde 2018, o que mergulhou o país em seu maior período de instabilidade dos últimos tempos.