Justiça

Comitê Nobel da Paz condena operações de busca contra ONG Memorial na Rússia

Presidente do comitê, Berit Reiss-Andersen, diz que acusações são infundadas

Autoridades acusam a ONG de ter incluído na sua lista de vítimas da repressão soviética os nomes de três pessoas que teriam sido condenadas por "traição" ou colaboração com o regime nazista - Natalia Kolesnikova/AFP

O comitê do Prêmio Nobel da Paz condenou nesta quarta-feira (22) as buscas e prisões "infundadas" na Rússia contra a ONG Memorial, vencedora do prêmio em 2022.

O comitê norueguês "lamenta as prisões e ações legais tomadas contra Yan Rachinsky e outros membros proeminentes do Memorial", disse o presidente do comitê, Berit Reiss-Andersen, em um comunicado. "As acusações contra eles são infundadas e devem ser retiradas", insistiu.

Memorial recebeu o Prêmio Nobel da Paz em outubro passado, juntamente com o Centro Ucraniano para as Liberdades Civis e o ativista político bielorrusso preso Ales Bialiatski.

A ONG, que é alvo de uma ordem de dissolução emitida pelas autoridades russas, anunciou na terça-feira que foi aberto um processo contra Oleg Orlov, um de seus presidentes.

Horas antes, a polícia russa realizou buscas nas casas de pelo menos nove funcionários e seus familiares, assim como nos escritórios do Memorial em Moscou.

Segundo a organização, vários deles foram levados para a delegacia.

As autoridades acusam a ONG de ter incluído na sua lista de vítimas da repressão soviética os nomes de três pessoas que teriam sido condenadas por "traição" ou colaboração com o regime nazista.

Fundado em 1989, o Memorial documenta os crimes da URSS há mais de três décadas, a partir de arquivos, exposições e pressionando o Estado a reconhecer sua responsabilidade.