Guerra

Zelensky visita front nos arredores de Bakhmut, no leste da Ucrânia

Um ataque russo com drones durante a madrugada atingiu uma escola de ensino médio em Rzhyshchiv

Zelensky reconheceu o "difícil" trabalho das tropas ucranianas - Ukrainian Presidential Press Service/AFP

O presidente ucraniano Volodimir Zelensky visitou, nesta quarta-feira (22), posições militares no entorno da cidade de Bakhmut, epicentro de batalhas ferozes no leste do país, horas depois de um bombardeio russo atingir uma escola nos arredores da capital.

Um ataque russo com drones durante a madrugada atingiu uma escola de ensino médio em Rzhyshchiv, cerca de 80 km ao sul de Kiev. O bombardeio deixou sete mortos e nove feridos, segundo as autoridades.

Em Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia, ao menos uma pessoa morreu e 32 ficaram feridas em outro ataque russo contra um edifício residencial, segundo autoridades locais.

Em sua visita à linha de frente próxima a Bakhmut, Zelensky reconheceu o "difícil" trabalho das tropas ucranianas.

"É um honra estar aqui hoje para recompensar nossos heróis. Estender-lhes as mãos e agradecer por protegerem a soberania de nosso país", disse em uma mensagem nas redes sociais.

O vídeo divulgado pelo gabinete de Zelensky mostra o presidente reunindo-se com militares em um depósito e entregando condecorações.

Em uma mensagem separada, Zelensky detalhou que visitou soldados ucranianos feridos.

As forças russas e ucranianas disputam há meses o controle de Bakhmut, nas mãos de Kiev, na batalha mais violenta desde o início da guerra em 24 de fevereiro de 2022.

Kiev afirma que a luta por esta cidade industrial, que antes da guerra tinha uma população de cerca de 80.000 pessoas, é a chave para conter as forças russas ao longo de todo o front leste.

'Selvageria'

Zelensky já havia visitado Bakhmut no ano passado, pouco antes de uma viagem histórica aos Estados Unidos, sua primeira ao exterior desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022.

No entanto, desde então, as forças russas registraram importantes avanços nos arredores da localidade.

Um assessor do líder da província ucraniana de Donetsk, designado pela Rússia, disse, nesta quarta-feira, que as forças russas estavam prestes a cortar as vias rodoviárias da cidade.

"A cidade está praticamente bloqueada", disse Yan Gagin em comunicado divulgado por agências de notícias russas.

Zelensky também mostrou imagens do ataque de Zaporizhzhia: um projétil que atingiu um prédio residencial. "Infelizmente, uma pessoa ferida, que estava em estado grave, morreu", disse o prefeito da cidade, Anatoliy Kurtiev, no Telegram.

Zelensky chamou o ataque de "selvageria bestial" e disse que a Rússia estava tentando "destruir nossas cidades, nosso Estado, nosso povo".

Uma estimativa de Banco Mundial, ONU, União Europeia e Kiev considerou que a Ucrânia necessitará de cerca de 411 bilhões de dólares (cerca de 2,16 trilhões de reais) para sua reconstrução e recuperação econômica.

Ameaças ao TPI

A visita de Zelensky a Bakhmut ocorreu horas depois de o presidente chinês Xi Jinping deixar a Rússia após um encontro de cúpula com seu colega Vladimir Putin.

As duas nações expressaram preocupação com a expansão da Otan e concordaram em aprofundar sua aliança.

O líder russo afirmou estar aberto a negociações com a Ucrânia e elogiou a proposta de paz de 12 pontos apresentada pela China, que apela ao diálogo e ao respeito pela soberania territorial de todos os países.

O presidente ucraniano afirmou que convidou a China para conversar, mas que ainda espera "uma resposta".

A visita do líder chinês foi vista como um apoio a Putin, que enfrenta um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional por acusações de deportação ilegal de crianças ucranianas.

O órgão legislativo do TPI rechaçou as "ameaças" recebidas por membros do tribunal após a emissão da ordem de prisão.

O ex-presidente russo Dmitry Medvedev advertiu, por exemplo, os juízes a "olharem para o céu com atenção", em referência a um ataque com míssil.

Os Estados Unidos, que veem o plano de paz chinês com ceticismo, afirmaram que o país asiático ainda não havia "cruzado a linha" em relação a entregas de armas letais a Moscou. Também garantiu que vai estimular outros países a extraditar Putin em caso de visita a seus territórios.

"Acredito que qualquer um que seja membro do tribunal e tenha compromissos deve cumprir com suas obrigações", opinou o secretário de Estado americano, Antony Blinken.

Os Estados Unidos e a Rússia não estão sob a jurisdição do tribunal com sede em Haia.