Selic

Banco Central mantém a taxa de juros em 13,75%, em meio a críticas do governo Lula

Decisão já era esperada pelo mercado e perdura o aperto da política monetária sobre a economia

Banco Central - Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) concluída nesta quarta-feira (22). Essa é a quinta manutenção da taxa nesse nível e ocorre após repetidas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aliados ao efeito dos juros sobre a atividade econômica. A votação desta quarta-feira foi unânime entre todos os oito diretores e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

A decisão já era esperada pelos agentes financeiros. Tem pesado sobre as decisões do BC o aumento das expectativas de inflação, principalmente para o ano que vem, e a demora do governo Lula em apresentar o arcabouço fiscal que será determinante para o comportamento das contas públicas.

A inflação - medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - acumula alta de 5,60% em 12 meses encerrados em fevereiro. Já a expectativa para este ano é de 5,95%, bem acima da meta de 3,25% e acima também do teto de 4,75%. Para 2024, a expectativa para o IPCA é de 4,11%, acima da meta de 3%, mas dentro do limite de tolerância de 4,5%.

Pelas projeções do mercado, até o fim do ano, haverá uma redução de 1 ponto percentual nos juros, de acordo com o Boletim Focus. Ou seja, a expectativa é que o ano termine com uma taxa de 12,75%.

Cenário
A decisão do Copom reflete incertezas tanto no cenário doméstico quanto no contexto externo. Em paralelo à pressão do governo Lula pela queda nos juros, o Ministério da Fazenda conclui a modelagem do novo regramento para as contas públicas - o chamado arcabouço fiscal.

A proposta pode traçar a perspectiva de gastos públicos e definir o grau de “sustentação” das contas do governo no longo prazo. Na prática, ajudaria na redução dos juros. O anúncio do arcabouço ficou para depois da viagem de Lula à China, com agenda entre 26 e 31 de março. Inicialmente, a Fazenda esperava divulgar a proposta antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), e lançar perspectiva para queda nos juros.

Do lado externo, há forte tensão no sistema financeiro global, desencadeada após a quebra de bancos nos Estados Unidos (Silicon Valley Bank e o Signature Bank), e a crise no Credit Suisse (da Suíça). A turbulência gerou pressão nos bancos centrais sobre o papel da política monetária restritiva e os efeitos nas instituições financeiras.

No anúncio também desta quarta-feira, o Federal Reserve - BC americano - aumentou a taxa de juros em 0,25 pontos e reconheceu que a crise bancária terá impactos, especialmente com as condições de crédito mais restritivas.