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Cientistas desenvolvem técnica que permite aos pais escolherem o sexo dos bebês, entenda

Pesquisa gerou controvérsia nos Estados Unidos e Reino Unido; no Brasil é proibido a preferência, exceto em casos de doenças específicas

Mulher grávida - Pexels

Cientistas da Weill Cornell Medicine na cidade de Nova York desenvolveram uma nova técnica de fertilização in vitro que permite aos pais escolher o sexo de seus bebês. Segundo os pesquisadores, ela é “extremamente segura, eficiente, barata e eticamente palatável”, além dos resultados mostrarem uma eficácia de 80%.

A questão da seleção do sexo, entretanto, ainda levanta sérias preocupações éticas, e a seleção de embriões com base no sexo, sem razões atenuantes como doenças ligadas ao sexo, é ilegal em muitos países.

O estudo se baseou no fato da densidade do esperma. Por exemplo, o cromossomo X (gerando descendentes femininos) é ligeiramente mais pesado do que o Y (gerando descendentes masculinos).

“Embora eticamente discutível, expressar uma preferência sexual pela prole é popular entre os casais e não se limita àqueles em tratamento de infertilidade. O enriquecimento do sexo do esperma permite a seleção de embriões para o sexo desejado. Nosso método de seleção de sexo não aumenta a proporção de embriões aneuplóides adicionais”, dizem os pesquisadores.

O teste foi conduzido com 1.317 casais divididos em dois grupos, com 105 homens no grupo de estudo em que a nova técnica foi usada. 59 casais desse grupo desejavam filhos do sexo feminino e a técnica resultou em 79,1% (231/292) de embriões femininos. Resultando no nascimento de 16 meninas sem nenhuma anormalidade.

Quarenta e seis casais que desejavam filhos do sexo masculino acabaram com 79,6% de embriões masculinos (223/280), resultando no nascimento de 13 meninos saudáveis.

Nos Estados Unidos, casais que buscam a gravidez por FIV geralmente passam pelo processo de diagnóstico genético pré-implantação (PGT).

Este processo examina o embrião fertilizado em busca de distúrbios genéticos quando está em seus estágios iniciais. Também pode dizer aos pais o sexo de seus filhos. Ele permite que os pais obtenham informações sobre o embrião antes que ele seja implantado em uma mulher a ser incubada. Especialistas dizem que o PGT tem cerca de 99% de precisão.

O novo método dos pesquisadores da Cornell pode detectar se a criança será homem ou mulher usando apenas um espermatozoide. Para alguns, que podem se sentir desconfortáveis em descartar um embrião fertilizado, esse novo processo pode ser menos duvidoso moralmente.

Leis no Brasil
Não há restrições quanto ao uso de tecnologia para escolher o sexo de uma criança antes de ela nascer nos EUA. Entretanto, no Reino Unido e em outros países do mundo é proibida fora de circunstâncias específicas, ou seja, quando tem doenças ligadas ao sexo.

No Brasil, por exemplo, o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Conselho de Ética Médica só permitem que a escolha seja feita em caso de doença relacionada ao sexo. Caso contrário, o sexo do bebê é determinado aleatoriamente, ou seja, não é feito o PGT ou a informação de gênero não é solicitada.

Algumas das condições que podem ser evitadas ao ser realizada a escolha do sexo são, por exemplo, a hemofilia, problema que ocorre na circulação sanguínea e que afeta somente pessoas do sexo masculino; a ausência parcial ou total de informações genéticas ligadas à produção de espermatozoides, chamada de micro deleção do cromossomo Y; a síndrome do X frágil, caracterizada pela deficiência mental e se manifesta com maior gravidade em pessoas do sexo masculino. Além da distrofia muscular também pode ser detectada e relacionada a um sexo específico.