Brasil negocia venda de aviões da Embraer para chineses
Aquecimento global e acordos para a produção de energia solar, eólica e hidrogênio verde terão destaque na agenda presidencial
Sem vender aeronaves para a China há mais de cinco anos, a Embraer pode virar o jogo durante a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva àquele país. Segundo quatro interlocutores envolvidos com a visita ouvidos pelo GLOBO, os chineses poderão adquirir 20 jatos comerciais da empresa brasileira.
Procurada, a Embraer se manteve em silêncio. Mas a informação obtida com fontes do governo e do setor privado é que as negociações estão em curso e a expectativa é que sejam concluídas na semana que vem.
Outra negociação em andamento diz respeito à aquisição das instalações da Ford, na Bahia, pela fabricante de carros elétricos BYD. Conforme antecipou O GLOBO na primeira semana de março, Lula pretende levar à China uma proposta final para que a empresa chinesa assuma a fábrica, que fechou suas portas há cerca de um ano.
Com pouco dinheiro em caixa e em busca de investimentos para obras de infraestrutura, os governos da China e do Brasil discutem a retomada de um fundo para projetos sustentáveis, com destaque para ferrovias. Segundo uma fonte, as sinalizações têm sido positivas e os recursos podem superar US$ 20 bilhões. No entanto, há dúvidas se sairia um acordo ainda durante a visita de Lula.
São também esperados acordos para a produção de energias renováveis, como eólica, solar e hidrogênio verde. Há articulações para tratados envolvendo governos estaduais, como os do Nordeste.
Sustentabilidade e aquecimento global, aliás, tem sido a tônica dos preparativos da viagem de Lula. O presidente abrirá, na segunda-feira, o Fóro de Desenvolvimento Sustentável, com a presença de autoridades chinesas e brasileiras.
Nesta quinta-feira, empresários do agronegócio e de outros setores ficaram eufóricos com a notícia sobre a liberação das exportações de carne bovina para China. Antes de constatar que um caso de "vaca louca" no Pará era atípico, o governo brasileiro suspendeu os embarques para o país asiático e aguardava o sinal verde das autoridades sanitárias chinesas para retomar os embarques.