Corregedoria da SDS pede demissão de policial que vendia armas de fogo em clube de tiro em Caruaru
Despacho de encaminhamento do processo foi publicado na edição de segunda-feira (21) do Boletim-Geral da SDS
A Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS) pede a demissão do escrivão licenciado da Polícia Civil de Pernambuco Diego de Almeida Soares, dono do maior clube de tiros do Brasil, que fica em Caruaru, no Agreste Central do Estado.
Ele é acusado de fraudar documentos para vender armas e conseguir porte ilegal para a maioria dos seus 8 mil associados.
O despacho de encaminhamento do processo foi publicado na edição de segunda-feira (21) do Boletim-Geral da SDS. No documento, a secretária estadual de Defesa Social, Carla Patrícia Cunha, assina pela demissão do escrivão.
A demissão foi sugerida pela 5ª Comissão Permanente de Disciplina Polícia Civil e pela Assessoria da Corregedoria Geral.
Conforme consta na Lei Estadual nº 6.123/68, a responsabilidade pela sanção do pedido de demissão, por se tratar de uma penalidade disciplinar, é da governadora Raquel Lyra.
Atualmente, o escrivão "encontra-se em gozo de licença para trato de interesse particular, concedida pelo período de quatro anos, desde dezembro de 2019" - ou seja, válida até dezembro de 2023, segundo informou a SDS no início da semana.
A reportagem tenta contato com a defesa de Diego de Almeida Soares.
Salto no patrimônio
Reportagem exibida no Fantástico, da TV Globo, na noite do último domingo (19), mostra que Diego ficou milionário com o esquema. Em 2018, ele tinha R$ 390 mil em bens e contas bancárias. Em 2021, esse total saltou para R$ 60 milhões.
Diego ficou preso durante quatro meses após ser alvo de uma operação da Polícia Federal (PF). Essa operação investigava o clube e uma loja de armas vinculada ao próprio escrivão.
O grupo estaria ministrando cursos, prestando serviços de conserto, manutenção e customização de armas de fogo. Esses serviços eram feitos por pessoas sem licença para atuarem como Caçadores, Atiradores e Colecionadores (CAC).
Os suspeitos produziam documentos ideologicamente falsos, em nome de armeiros que, de fato, eram credenciados de forma legal.
"Foi identificada a existência de organização criminosa dedicada à produção de documentos ideologicamente falsos e o uso desses documentos para viabilizar e dar aparência de legalidade tanto ao comércio, quanto ao porte ilegais de armas de fogo", informou a PF, em comunicado, em outubro de 2022, época da deflagração da operação, batizada de "Zona Cinza".