Uefa abre investigação contra o Barcelona pelo caso Negreira
São investigados pagamentos do clube catalão a empresas de um ex-diretor de arbitragem
A Uefa anunciou nesta quinta-feira a abertura de uma investigação relacionada a uma "eventual violação jurídica" por parte do Barcelona no escândalo de arbitragem em que o clube está envolvido.
Em um breve comunicado, a federação europeia informou que nomeou dois inspetores para realizar a investigação e que dará mais informações no momento oportuno.
Fontes do Barcelona confirmaram à AFP que a Uefa já comunicou ao clube a abertura desta investigação.
A justiça espanhola já investiga o Barça e alguns de seus dirigentes por "corrupção entre particulares no campo esportivo", administração desleal" e "falsificação de documento comercial".
Um tribunal acatou no dia 15 de março a denúncia apresentada pela Promotoria de Barcelona relacionada ao chamado 'caso Negreira', no qual são investigados pagamentos do clube catalão a empresas de um ex-diretor de arbitragem.
A denúncia aponta o Barcelona, como pessoa jurídica, e seus ex-presidentes Sandro Rosell e Josep Maria Bartomeu.
Também foram denunciados José María Enríquez Negreira, ex-vice-presidente do Comitê Técnico de Árbitros (CTA) e sua empresa Dasnil 95, que teria recebido pagamentos milionários por supostos relatórios de arbitragem.
- Dois processos -
Após uma investigação de vários meses, a Promotoria de Barcelona apresentou essa acusação por supostos crimes de "corrupção entre particulares no campo esportivo", administração desleal.
A juíza à frente do caso juntou esta denúncia à apresentada pelo árbitro Xavier Estrada Fernández contra Negreira por este caso.
Segundo a Promotiria, Negreira, que foi vice-presidente do CTA entre 1994 e 2018, recebeu do Barcelona através de suas empresas mais de 7 milhões de euros (R$ 40 milhões, na cotação atual) entre 2001 e 2018.
O Barça interrompeu os pagamentos em 2018, segundo a denúncia, por conta da saída de Negreira do CTA, que entrou em reformulação com a chegada de Luis Rubiales à presidência da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF).
Para o Ministério Público da Espanha, o Barcelona, por meio de Rosell e Bartomeu, "manteve um acordo verbal estritamente confidencial" com Negreira "a fim de, em sua qualidade de vice-presidente do CTA e em troca de dinheiro, realizasse atuações tendenciosas para favorecer o clube na tomada de decisão dos árbitros".
A denúncia baseia esta afirmação no fato de as empresas de Negreira "emitirem notas fiscais que foram apresentadas ao Barcelona para cobrança sem que as mesmas correspondessem a nenhuma prestação de serviço ou assessoria técnica real".
A juíza, que também permitiu que a LaLiga - organizadora do Campeonato Espanhol - se apresentasse como promotoria privada, encarregou a investigação à guarda civil e, assim que receber o resultado, marcará as datas para colher os depoimentos dos investigados.