OLINDA

Em Olinda, material antirracista será distribuído na Rede Municipal de Ensino

Aproximadamente quatro mil cópias da cartilha antirracista foram impressas

Cartilha tem o objetivo de informar os estudantes sobre o racismo existente no cotidiano - Alice Mafra/PMO

A Escola de Tempo Integral Sagrado Coração de Jesus, no bairro do Amaro Branco, em Olinda, recebeu o lançamento da “Cartilha Antirracista: Informação e Proteção” nesta sexta-feira (24). O material apresentado será distribuído por toda a Rede Municipal de Ensino da cidade, com foco nos estudantes que têm entre 10 e 15 anos.

A ação foi promovida por meio de uma parceria entre a Prefeitura de Olinda e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), através da Comissão de Igualdade Racial da instituição. O conteúdo foi assinado pela Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (OBPN), junto a representantes da sociedade civil que lutam pela causa antirracista.

A cartilha tem o objetivo de informar os estudantes sobre o racismo existente no cotidiano, promovendo assim o entendimento do que podem ser palavras e atitudes preconceituosas. No documento, também há orientações sobre o que fazer em casos de racismo, a quem recorrer e quais providências podem ser tomadas.

A aluna Yhasmim Dias Ferreira, de 16 anos, esteve presente no lançamento desta sexta-feira, mas antes da cartilha já era ativa na causa dentro da escola. “Luto cada dia mais para superar o racismo e ter uma evolução para quem é preto e periférico como eu. Por isso criamos o projeto chamado Kanteatro que aqui na escola tem o papel antirracista. Estudamos muito o tema e queremos dividir com nossos colegas”, disse.

Emocionado e também identificado com a causa, o representante da Comissão de Igualdade Racial da OAB, Fabiano Santos, relembrou a sua trajetória, que começou com um olhar diferente para um lugar já conhecido por ele.

 “Na década de 90, quando eu comecei a fazer música, estava trabalhando e estudando, e o meu maior sonho era conhecer a Europa. Uma professora disse que antes eu precisava conhecer o meu país e o meu bairro. Foi aí que revisitei a minha comunidade e me identifiquei como preto e militante e só depois conheci a Europa. Quando a gente volta à centralidade, podemos avançar para os campos de disputa, ocupando o nosso lugar”, contou com orgulho.

É crime
Em janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a  Lei 14.532, de 2023. Nela, a injúria racial passou a ser considerada crime de racismo e teve sua pena aumentada, de um a três para dois a cinco anos de reclusão.

Racismo x Injúria racial: qual a diferença?
O crime de racismo é considerado quando a prática acontece contra a raça, cor, etnia, religião e/ou origem de um coletivo. Enquanto injúria racial, é quando essas ofensas são direcionadas a um só indivíduo.