Papa pede apoio de bispos colombianos a dirigentes que buscam "a paz"
O presidente Gustavo Petro se comprometeu a negociar uma saída pacífica para o conflito com os grupos que se mantiveram armados após o acordo de paz de 2016 com a guerrilha das Farc
O papa Francisco pediu, nesta sexta-feira (24), aos bispos colombianos para apoiarem os líderes que trabalham pela paz, "de qualquer corrente", ao receber no Vaticano um grupo de religiosos do país sul-americano.
"O papa nos disse que temos que ter muita paciência nos processos de paz, que às vezes pretendemos que tudo se resolva rápido", contou em uma conferência de imprensa o bispo de Nueva Pamplona, Jorge Alberto Ossa Soto. O pontífice, pediu, ainda que os bispos se aproximem "dos líderes que buscam a paz, sejam eles quem forem, de qualquer corrente", afirmou.
O presidente Gustavo Petro (esquerda), no poder desde agosto, se comprometeu a negociar uma saída pacífica para o conflito com os grupos que se mantiveram armados após o acordo de paz de 2016 com a guerrilha das Farc.
Petro anunciou em 31 de dezembro um cessar-fogo com as organizações armadas mais poderosas como antecipação aos diálogos, mas duas das tréguas fracassaram.
Em sua reunião desta sexta, o pontífice argentino conversou durante cerca de duas horas com os bispos, entre eles, vários de regiões amazônicas, com os quais abordou problemas da floresta e seus habitantes.
"Foi um momento esperado e preparado porque desde 2012 não vínhamos para a tradicional visita 'ad limina'", que se celebra a cada cinco anos, comentou o arcebispo de Bogotá, Luis José Rueda. "A última foi com Bento XVI", que renunciou a seu pontificado no ano seguinte, acrescentou.
Devido à pandemia e à visita de Francisco à Colômbia em 2017, esses encontros com o pontífice no Vaticano foram adiados.
"O papa deu orientações segundo os temas que surgiam sobre a família e também a realidade da Colômbia no âmbito da paz e da reconciliação do país", afirmou o monsenhor Orlando Roa Barbosa, arcebispo de Ibagué.
Barbosa indicou que o papa se referiu a seu encontro de 2016 com o então presidente Juan Manuel Santos, que conduziu o acordo com as Farc, e seu antecessor Álvaro Uribe, que se opunha a eles.
Embora o encontro não tenha conseguido aproximar as posições, o papa “o mencionou como algo positivo e nos convidou a não desistir da construção da paz no país”, comentou.
O papa receberá no Vaticano o segundo grupo de bispos colombianos de 17 a 22 de abril, formado por prelados de cidades importantes, entre elas Medellín e Cali.