Brasil e China

Todos de olho na viagem de Lula à China

Principal parceiro comercial do Brasil, o país asiático vai receber Lula e sua comitiva para discutir negócios

Arquivo/Agência Brasil

Entre 2020 e 2022, Pernambuco exportou cerca de US$ 51 milhões para a China, o que representa 0,69% do saldo geral das exportações do Estado segundo dados da Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas (Condepe Fidem). Apesar de não ser o principal, a China é um dos parceiros comerciais mais fortes de Pernambuco, junto com os Estados Unidos e Singapura. Em relação às importações, somente em março do ano passado, foram US$ 80 milhões em mercadorias trazidas para cá.

Desde 2009, o país asiático é também o principal parceiro comercial do Brasil. Mesmo assim, o governo Jair Bolsonaro registrou alguns incidentes diplomáticos por conta de declarações de seus ministros, principalmente na pandemia.  E é com o propósito de retomar a relação amistosa entre ambos que o presidente Lula embarca para a China neste final de semana, onde vai cumprir uma extensa agenda e será acompanhado de uma comitiva de empresários das mais significativas. 

Desenvolvimento dos setores

“Garantir a pauta de exportações é fundamental para a economia agropecuária do Estado, porque mesmo tendo uma participação muito pequena no PIB estadual, a relação comercial têm um significado importante na medida em que esse setor vai crescendo e se desenvolvendo. No caso das exportações, por exemplo, não chega a um por cento. Mas essa participação nos últimos aumentou”, explica Maurílio Lima, Coordenador Geral da Condepe Fidem.

Para ele, a relação comercial entre o país asiático e o estado brasileiro é importante principalmente devido a importação do setor industrial. A China importa componentes eletrônicos, produtos para a fabricação de veículos, acessórios, baterias para carro, entre outros produtos. Na agropecuária, o principal produto importado é o fertilizante. 

Em termos de exportação nacional, no ano de 2020, a China bateu recorde, respondendo por 66% do superávit brasileiro. Em 2021, a balança comercial entre os dois países registrou 67% do superávit em favor do Brasil, segundo dados do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). 

No início dos anos 2000, a China tornou-se o maior país importador de commodities (mercadorias de origem agrícola, pecuária, mineral ou ambiental) do mundo. Mas foi 22 anos depois que tornou-se também o principal destino das exportações brasileiras. Até o começo de 2022, o Brasil comprou mais produtos da China do que vendeu, gerando um déficit na balança comercial de US$890,4 milhões. 

Investimentos chineses

O interesse do presidente Lula com a viagem à China é fundamentado na exportação de commodities e na importação de manufaturados. O maior objetivo do governo é gerar mais empregos para os brasileiros, visando um acordo de iniciativa ambiental, além de ampliar a exportação de carne. Além disso, a China investe em diversos setores no Brasil, e em 2021 esses investimentos chegaram a US$5,9 bilhões. Entre os setores estão eletricidade, que gerou cerca de 13 empreendimentos; tecnologia da informação, com 10 projetos; e petróleo, que teve destaque e recebeu mais de US$5 bilhões dos recursos para projetos na Bacia de Santos.

Algumas fintechs e startups como Nubank, QuintoAndar e Cora também foram beneficiadas. A companhia de transmissão de energia do Rio Grande do Sul e a fábrica Mercedes-Benz em São Paulo foram adquiridas por empresas chinesas em 2021.

Durante a visita do presidente, alguns encontros bilaterais serão realizados com a presença de nomes da sua comitiva. Um exemplo é o da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, que participa da assinatura de instrumentos de cooperação científica e tecnológica. Entre eles, está o protocolo para o desenvolvimento conjunto do Satélite Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS-6) - que vai aperfeiçoar o monitoramento da Amazônia. Também serão assinados memorandos para a cooperação, por exemplo, nas áreas de nanotecnologia, biotecnologia, biodiversidade, energia limpa, ciências polares e oceânicas e Tecnologias da Informação e Comunicação. Por causa de uma pneumonia viral, Lula adiou a partida do sábado (25) para o domingo (26).