Cubanos vão às urnas para renovação da Assembleia Nacional
Oito milhões de cubanos maiores de 16 anos são convocados para votarem nos 470 candidatos a deputados - 263 mulheres e 207 homens
Os cubanos votam, neste domingo (26), pela renovação do Parlamento por cinco anos, em uma votação sem surpresas, na qual se apresentam 470 candidatos a deputados para ocupar o mesmo número de cadeiras, e com o abstencionismo como único inimigo a ser derrotado.
Oito milhões de cubanos maiores de 16 anos são convocados para votarem nos 470 candidatos a deputados - 263 mulheres e 207 homens - para a Assembleia Nacional do Poder Popular. A maioria dos candidatos pertence ao Partido Comunista de Cuba (PCC), o único partido legal da ilha.
Os 23.648 locais de voto abriram às 07h00 locais (08h00 no horário de Brasília) e encerram às 18h00 (19h00 em Brasília).
"Votei pelo voto unido porque, apesar das necessidades, das dificuldades que este país possa ter, não posso dar meu voto" aos abstencionistas "aos que querem nos esmagar, os yankes", disse Carlos Diego Herrera , um ferreiro de 54 anos, no movimentado bairro de Vedado, em Havana.
Rachel Vega, uma estudante de arquitetura de 19 anos, diz que votou para "dar um passo à frente agora" e contribuir "para melhorar a situação do país".
Em Cuba (11,1 milhões de habitantes), onde os partidos de oposição são proibidos, o voto não é obrigatório.
Os eleitores encontrarão duas opções na cédula: o nome de cada candidato de seu distrito ou a opção de votar "por todos", o que implica apoiar o 470.
O "voto por todos" é um sufrágio unificado para reafirmar o "socialismo" e a "revolução", dizem as autoridades. Mas também ajudaria os candidatos a alcançarem mais de 50% dos votos válidos no dia, requisito para serem eleitos.
"Com o voto unido estamos defendendo a unidade do país, a unidade da revolução, nosso futuro, nossa constituição socialista", disse o presidente Miguel Díaz-Canel, 62 anos, depois de votar em sua cidade natal, Santa Clara, 280 km a sudeste de Havana.
As votações legislativas fazem parte de um processo que culminará este ano com a eleição do presidente da República, na qual Díaz-Canel poderá ser reeleito.
A votação ocorre no momento em que Cuba enfrenta a pior crise econômica em três décadas, com inflação galopante, uma onda migratória sem precedentes, causada pelos efeitos da pandemia e do embargo econômico dos Estados Unidos, além de fragilidades estruturais do país.
A participação eleitoral caiu nos últimos anos para os níveis mais baixos desde a entrada em vigor do atual sistema eleitoral de 1976.
Nas eleições municipais de novembro, a abstenção foi de 68,5%, inferior à dos referendos ao Código da Família (74,12%), em setembro, e à Constituição (90,15%), em 2019.
Os candidatos, liderados por Díaz-Canel, realizaram uma inusitada e intensa campanha de proselitismo nas últimas semanas para ouvir as demandas da população.
Sem oposição autorizada, os apelos à abstenção concentraram-se nas redes sociais.
"Não faça parte desta farsa. Expulse os usurpadores do poder. Não vá votar no domingo", publicou a conta no Twitter "Cuba diz não à ditadura".