BRASIL

Rio Grande do Sul busca junto ao governo chinês a habilitação de cinco frigoríficos

Estado também quer abrir mercado para a noz pecan brasileira e quer status de zona livre de febre aftosa para suínos

Reunião do Mapa com a Administração Geral de Alfândegas da China (GACC), em Pequim, na quinta-feira: quatro novas plantas frigoríficas brasileiras habilitadas para exportação - Guilherme Martimon/Mapa

O Rio Grande do Sul está pleiteando junto ao governo chinês a habilitação de cinco plantas frigoríficas de aves – Languiru (Teutônia), Carrer (Farroupilha), Mais Frango (Miraguaí), Dália (Encantado) e Nova Araçá (Nova Araçá) – e uma de bovinos – o Frigorífico Silva (Santa Maria) para exportação.

O estado também reivindica, no caso de suínos, ser declarado como uma zona livre de febre aftosa sem vacinação, o que permitirá a entrada da carne de porco com ossos e miúdos, ampliando o mercado chinês.

Representantes gaúchos integram a comitiva brasileira que está em missão internacional na China desde a última sexta-feira. Mesmo sem a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, diagnosticado com Influenza A e pneumonia bacteriana, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) manteve as reuniões e visitas técnicas que estavam previstas até a próxima quarta-feira.
 

"Nós antecipamos a vinda do Mapa porque tínhamos as questões técnicas do agronegócio, principalmente acerca da liberação das exportações da carne bovina, o que já conseguimos responder e os demais acordos importantes serão assinado quando for remarcada a agenda presidencial", informou o ministro Carlos Fávaro, em nota divulgada pelo ministério.

As exportações de carne bovina brasileira para a China foram reestabelecidas na semana passada depois que um caso da doença da Vaca Louca foi constatado em fevereiro no Pará.

O secretário de desenvolvimento econômico do Rio Grande do Sul, Ernani Polo, observa que o estado já conquistou o status sanitário de região livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) desde maio de 2021. Obter o reconhecimento pela China deve ajudar a aumentar o volume de exportações se suínos.

“Essa restrição à venda de carne de suínos com ossos e miúdos, segundo estudos, representa em torno de R$ 100 a menos na precificação por suíno se comparado a Santa Catarina", informou em nota.

Os chineses pagam, em média, US$ 4 mil por tonelada dos pés dos suínos, um mercado que o Rio Grande do Sul ainda não tem acesso. A China tem peso importante na economia do estado, com participação de cerca de 30% do faturamento do agronegócio em 2022.

A participação do Rio Grande do Sul na missa também via estreitar laços com lideranças dos demais países do grupo dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) para atrair investimentos ao estado.

O governo gaúcho também quer abrir o mercado chinês para a noz pecan brasileira. O Brasil tem uma produção anual de 7 mil toneladas, das quais 3 mil estão disponíveis para exportação.

“A China participa de um terço nas importações mundiais de pecan, e o Brasil não tem acesso a essa possibilidade comercial", ressalta Ernani Polo.

O Rio Grande do Sul responde por 70% da produção nacional e a entrada no mercado chinês beneficiaria diretamente o estado.

Nesta segunda-feira, a equipe técnica do Ministério da Agricultura participa do evento China-Brazil Momentum e do Fórum China-Brasil de Desenvolvimento Sustentável. Na terça, a programação conta com visitas técnicas para reforçar as parcerias e cooperações técnico-científicas voltadas para o desenvolvimento sustentável do agronegócio brasileiro e na quarta-feira será realizado o Seminário Brasil-China e encontros setoriais.