"Reviver isso é traumático", diz vítima de pediatra preso por estupro e agressão
Segundo as investigações, o médico já tem cinco anotações por violência doméstica
Vítima do pediatra Raphael Derossi Ribeiro da Silva, de 44 anos, ex-namorada diz que não conseguia enxergar os abusos que sofria no começo do relacionamento. Ela e Raphael se conheceram em 2018, após serem apresentados por amigos em comum.
Os dois chegaram a fazer uma união estável. No último sábado, o médico foi preso por dopar e estuprar a ex-companheira. Ele responderá por violência doméstica nas modalidades de violência psicológica contra a mulher e estupro. Na tarde desta segunda-feira (27), Raphael passará por audiência de custódia.
— Eu não conseguia ver o que eu estava passando, o que tava acontecendo. À medida que a gente foi se relacionando, os abusos dele foram ficando mais nítidos. Porque o xingamento, você pensa “a pessoa se elevou, às vezes estava num momento que saiu de si”. Mas contra um puxão, um soco… acho que foi um momento muito nítido que as coisas saíram sim do controle — contou a vítima em entrevista ao RJ1, da TV Globo.
— É um novo ciclo, porque agora eu fui ouvida e estou vendo a Justiça sendo feita por uma coisa que estava parada há muito tempo. São dois anos. O Raphael, desde 2001, tem processo e agora, em 2023, ele é condenado. Então, sim, estou me sentindo melhor — afirma.
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Para a ex-companheira, reviver as violências sofridas é algo difícil e traumático: — Reviver isso para mim é muito difícil, porque a gente revive tudo o que aconteceu. Falar ainda é muito traumático.
Relembre o caso
Segundo as investigações, o autor dopou a companheira com um remédio tranquilizante em dosagem excessiva para diminuir a capacidade de resistência dela e cometer o abuso sexual. De acordo com os agentes, o homem tem cinco anotações criminais por delitos semelhantes.
De acordo com o portal G1, o médico é Raphael Derossi Ribeiro da Silva, clínico e pediatra, e trabalhava na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio. De acordo com Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) ele também seria diretor de serviços de saúde do Grupo Cemeru Saúde.
O médico foi preso na casa dele, no bairro Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio. A prisão fez parte da “Operação Átria”, uma ação nacional realizada pelas polícias civis de todo o país, que tem como objetivo combater crimes praticados contra mulheres, em razão do gênero.
Em nota, o Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) informou que está apurando os fatos: “Tendo tomado conhecimento do caso pela imprensa, o Cremerj informa que apura os fatos”.
O Grupo Cemeru Saúde, onde ele atuava como diretor de serviços de saúde, afirmou que afastou o médico de suas funções até que toda a situação seja esclarecida pela autoridade competente.