CÂMARA

Ministro da Justiça, Flávio Dino, enfim, fala sobre as invasões do 8 de janeiro

Dino vai falar sobre que medidas foram tomadas pelo governo após as invasões em Brasília

Dino vai falar na Comissão de Constituição e Justiça - Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

A oposição ao Governo Lula não vai conseguir instalar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar os atos violentos de 8 de janeiro, que acabou em quebra-quebra de prédios públicos, como o Congresso, o Palácio do Planalto e até o Supremo Tribunal. Mas, com a instalação das comissões temáticas da Câmara, uma janela foi aberta para ouvir autoridades envolvidas com a situação.

Um deles, o ministro da Justiça, Flávio Dino, vai falar, hoje, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados sobre que medidas foram tomadas pelo governo após as invasões de 8 de janeiro, mudanças na política de controle de armas e a visita que fez ao Complexo da Maré. Os deputados bolsonaristas Carlos Jordy (PL-RJ) e Caroline de Toni (PL-SC) queriam que o ministro fosse convocado, sob risco de cometer crime de responsabilidade caso não comparecesse, mas o requerimento foi transformado em convite.

O movimento oposicionista se concentra, principalmente, nas comissões de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) e de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, ambas dominadas por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Até mesmo a Frente Parlamentar Evangélica se tornou um braço das operações de apoio aos presos na Papuda e na Colmeia, no Distrito Federal.

A Comissão de Segurança Pública, controlada pela bancada da bala, também aprovou requerimentos para convidar Dino e os ministros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Marco Edson Gonçalves Dias, dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, o diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alessandro Moretti, para falar sobre a ação dos extremistas. Os integrantes da oposição querem explorar a possibilidade de conhecimento prévio dos atos. As reuniões com os ministros estão marcadas para abril.

Para evitar a CPI, o Palácio do Planalto deflagrou uma operação para convencer deputados e senadores a retirar assinaturas do requerimento. A ofensiva inclui oferta de nomeações para cargos de segundo escalão nos Estados, como diretorias do Banco do Nordeste (BNB), além de superintendências da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs).

 O governo também pressiona ministros de partidos aliados, principalmente do União Brasil, para ajudar na missão "abafa CPI". Há três dias, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu manter o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, apesar das acusações contra ele, avisou que exigiria apoio no Congresso.

Na avaliação do Planalto, criar uma comissão parlamentar agora atrapalha votações importantes, como a da nova âncora fiscal e a da reforma tributária. "CPIs que são mobilizadas por quem passou pano nos atos terroristas não são os melhores instrumentos para fazer apuração", disse o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.