Ex-CEO da Americanas critica a não publicação dos resultados de 2022
Sergio Rial participa de audiência pública de comissão do Senado, que debate o endividamento da empresa
O ex-CEO das Americanas, Sérgio Rial, que expôs o rombo da varejista, criticou a falta de informações da empresa a respeito dos resultados de 2022, já que não houve publicação do desempenho do quarto trimestre do ano passado. Ele participa de audiência pública da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado, que debate o endividamento da empresa.
"Não sabemos até hoje o resultado de 2022. O resultado do quarto trimestre não foi publicado" criticou.
Aos senadores, ele relatou o processo em que foi convidado para assumir o comando da empresa e como detectou as dívidas bilionárias. Sobre Miguel Gutierrez, que o antecedeu no comando da companhia, Rial disse que era um “CEO centralizador” e que as informações eram “muito bem controladas por ele”.
Quando percebeu que as dívidas bancárias não estavam reportadas no espaço correto nos balanços, acelerou o processo para verificar onde estava indicado esse montante.
"O objetivo era cumprir a lei: informar o mercado corretamente. E eu não podia sair com um fato relevante histérico" disse.
A inconsistência foi detectada no dia 4 de janeiro e o fato relevante publicado em 11 de janeiro.
Recuperação judicial
Também na audiência da CAE, o novo CEO da Americanas, Leonardo Coelho Pereira, que assumiu a empresa em 15 de fevereiro, disse que sua função é reestruturar a empresa, executando um plano para manutenção de empregos e pagamento de impostos e dívidas. Ele acompanha as investigações sobre as inconsistências contábeis, conduzidas por um comitê independente.
Ele garante que o plano de recuperação judicial da empresa é melhor que de outras varejistas, mas reconhece que não existe qualquer capacidade de levantar recursos no sistema financeiro. No entanto, reforça que não houve demissão em massa e que a empresa tenta retomar o valor dos ativos.
Crise em janeiro
Rial ficou na presidência das Americanas por apenas nove dias. Nesse período, ele investigou a situação contábil da empresa e encontrou inconsistências bilionárias. A varejista tem R$ 43 bilhões em dívidas e 16.300 credores.
No dia 11 de janeiro, as Americanas publicaram um fato relevante para informar ao mercado inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões, motivadas sobretudo por uma falha nos balancetes, que não contabilizavam as dívidas bancárias corretamente. Essa divulgação provocou a troca no comando da empresa, o derretimento das ações na Bolsa e fez as Americanas se tornarem alvo de processos na Justiça. A empresa ainda entrou com um dos maiores pedidos de recuperação judicial no país.