Santa Catarina

Apostila de cursinho em SC compara Lula a Hitler e chama Dilma de "búlgara insignificante"

Procon notificou o Domina Concursos e pediu informações sobre os responsáveis pelo material didático; procurada, a empresa não respondeu

Apostila de cursinho em SC compara Lula a Hitler e faz fotomontagem com imagem de Mussolini - Reprodução

Um cursinho preparatório de com sede na cidade catarinense de Criciúma preparou uma apostila na qual compara o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao líder nazista Adolf Hitler. O material didático produzido pela Domina Concursos também se refere à ex-presidente Dilma Rousseff como "búlgara insignificante". A empresa foi notificada pelo Procon, que deu prazo de dez dias para prestar esclarecimentos.

O órgão de defesa ao consumidor foi acionado após uma série de denúncias feitas por compradores da apostila. Na parte em que trata de "conhecimentos gerais", o material didático afirma que o PT deseja para o Brasil o mesmo aparelhamento da Justiça ocorrido na Alemanha Nazista. O conteúdo é ilustrado com uma fotomontagem com Lula e o líder fascista italiano Benito Mussolini. A legenda da imagem diz: "Lula Mussolini da Silva Hitler".

A seção seguinte, da apostila, tem como tema: "De como o PT se transformou num partido de ideologia fascista e comportamento fisiológico".

Em outro trecho, o material didático é ofensivo à ex-presidente Dilma Rousseff. "O Brasil é um país rico (neste ponto, não há reparo a fazer nos discursos presidenciais). O problema é a forma como os governos brasileiros, numa linha contínua desde Castello Branco até Lula da Silva (e sua representante neste seu terceiro mandato, aquela búlgara, me esqueço o nome, é tão insignificante...): capitalismo e crise são sinônimos, diz o texto.

O material didático ainda classifica o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), de "juiz petista".

A Domina Concursos foi notificada pelo Procon nesta segunda-feira, após "inúmeras reclamações contra as apostilas com informação enganosa", disse o diretor do órgão em Criciúma, Gustavo Collen.

"Pedimos esclarecimento sobre qual profissional qualificado e técnico que faz a montagem da apostila, se tem algum certificado, credenciamento no MEC [Ministério da Educação] para fazer esse tipo de venda" afirmou Collen, em entrevista ao GLOBO.

Collen explicou que, caso seja comprovada alguma irregularidade, será feito pedido de suspensão da venda da apostila e que o CNPJ da empresa fique "bloqueado até que tudo seja esclarecido, como a legislação manda". Há ainda a possibilidade de aplicação de multa no valor de R$ 19 milhões.

Procurada pelo GLOBO, a empresa não deu retorno. A Polícia Civil de Santa Catarina informou que até o momento não há registro de ocorrência sobre o caso.