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Alemanha abre as portas a trabalhadores migrantes por escassez de mão de obra

O objetivo da Alemanha é atrair mais trabalhadores, ao contrário do resto da Europa, que busca fechar as fronteiras à imigração

Alemanha abre as portas a trabalhadores migrantes - John MacDougall / AFP

Natural da Ilha da Reunião, Steven Maillot, de 23 anos, é aprendiz na siderúrgica da ArcelorMittal em Eisenhüttenstadt, na Alemanha. Este setor é um dos mais afetados pela escassez de trabalhadores qualificados na maior economia europeia.

Diante desse desafio, o governo de Olaf Scholz adotará nesta quarta-feira (29) um projeto de lei que visa facilitar as regras para obtenção de visto de trabalho para cidadãos não pertencentes à UE.

Em breve deixará de ser necessário apresentar um contrato de trabalho para se instalar no país, que será substituído por um sistema de pontos que mede o "potencial" de integração dos candidatos.

O objetivo da Alemanha é atrair mais trabalhadores, ao contrário do resto da Europa, que busca fechar as fronteiras à imigração.

Envelhecimento da população
Para Steven, o melhor salário e as melhores perspectivas de carreira fizeram com que ele decidisse trocar a Ilha da Reunião por este lugar perto da fronteira com a Polônia, no leste da Alemanha.

Isso tranquiliza a ArcelorMittal, cujo chefe para a unidade da Alemanha, Reiner Blaschek, reconhece que é "cada vez mais difícil" atrair jovens aprendizes como Steven.

A escassez de trabalhadores qualificados tornou-se um problema. Atualmente, dois milhões de empregos estão vagos na Alemanha, enquanto a geração dos sessenta se aposenta.

Com o envelhecimento da população, o mercado de trabalho perderá sete milhões de pessoas até 2035 se o governo não fizer nada, aponta um estudo do Instituto de Pesquisa sobre o Mercado de Trabalho (IAB).

Considerando todos os setores, 44% das empresas alemãs consultadas pelo instituto Ifo dizem ter sido afetadas pela escassez de mão de obra em janeiro.

Diante dessa situação crítica, o chanceler alemão Olaf Scholz incentiva os trabalhadores a não se aposentarem antecipadamente, enquanto as empresas vivenciam o uso crescente de robôs, como no cuidado de idosos.

Superar o déficit
Recorrer à população alemã "não será suficiente" para superar o déficit, alertou Scholz no Parlamento no início do mês.

Os empresários tentam responder à escassez e oferecem os seus próprios treinamentos aos estrangeiros.

A nova cidade de Eisenhüttenstadt, (literalmente "cidade da fábrica siderúrgica") foi construída na década de 1950 na época da Alemanha Oriental comunista.

A ArcelorMittal emprega 2.700 pessoas lá e recebe cerca de cinquenta novos aprendizes como Steven Maillot a cada ano.

"Para a minha carreira profissional, tenho que ficar aqui", disse Steven à AFP na fábrica, localizada muito longe da Ilha da Reunião.

Um treinamento adequado é importante para evitar que "os jovens nos deixem", declarou o ministro do Trabalho, Hubertus Heil, durante uma visita recente à ArcelorMittal, onde conversou com os aprendizes.

Mas é muito difícil encontrar candidatos no leste da Alemanha, por causa da renda mais baixa em comparação com o oeste e também porque há uma recepção mais hostil.

Por isso, "vamos tentar atrair também os trabalhadores de que necessitamos abrindo canais à migração legal", disse o ministro.

A escassez pode "afetar missões de transição importantes" na Alemanha para "a mobilidade elétrica ou as energias renováveis", alerta Achim Dercks, diretor adjunto das Câmaras de Comércio Alemãs (DIHK), no início do ano.

A ArcelorMittal planeja substituir um forno movido a combustível fóssil na instalação alemã por uma nova unidade movida a hidrogênio e eletricidade até o final de 2026.