Arqueologia

Gravuras pré-históricas da mesma época das pinturas de Lascaux são descobertas na França

Especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas Arqueológicas Preventivas trabalham desde 2015 nesse local

Itens datam do início da época de Magdelanian (-20.000 anos), durante a apresentação de uma descoberta por uma equipe de arqueólogos Inra durante as escavações no sítio de Bellegarde, sul da França. - Pascal Guyot/AFP

Um grupo de arqueólogos anunciou, nesta quinta-feira (30), a descoberta de pequenas placas de pedra calcária nas quais foram gravados perfis de cavalos e uma vulva, com mais de 18.000 anos de idade, em um sítio arqueológico no sudeste da França.

Os especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas Arqueológicas Preventivas (Inrap, na sigla em francês) trabalham desde 2015 nesse local antes de sua transformação em um aterro sanitário da região de Nîmes.

Os objetos encontrados abrangem desde 20.000 até 16.000 anos antes de nossa era, um período similar ao da arte rupestre da famosa caverna de Lascaux, no sudoeste da França. Mas, segundo os especialistas, houve presença humana no local até o século XVI.

O sítio de Bellegarde, ligeiramente elevado, provavelmente foi escolhido como ponto de parada pelas populações nômades, porque contava com uma nascente e oferecia uma boa vista das manadas de cavalos selvagens que cruzavam a planície.

Em 2016, após 11 meses de escavações, os arqueólogos descobriram 100 mil ferramentas e armas de sílex talhado, ossos de animais e conchas usadas como enfeites, alguns dos quais datam do início do período Magdaleniano, há mais de 22.000 anos.

Mas o momento mais emocionante ocorreu quando, ao limpar os objetos, descobriram dois pequenos fragmentos de pedra calcária com perfis de cavalos, nos quais se distinguem claramente os olhos, a crina e o focinho.

Essas gravuras "figuram entre as obras mais antigas conhecidas desta cultura paleolítica, assim como as pinturas e gravuras rupestres da caverna de Lascaux", afirmou Vincent Mourre, um dos arqueólogos responsáveis pelas escavações.

Em outro fragmento mais recente, descobriram uma gravura que pode ser interpretada como uma vulva enquadrada pela parte superior das pernas, assim como "incisões finas, difíceis de interpretar", em uma placa de cerca de 50 cm.