Índice de Confiança do Empresário do Comércio segue em queda. Pernambuco se mantém acima do Brasil
No Brasil, o índice chegou aos 112,3 pontos
Nesta quarta-feira (29), foi divulgada a pesquisa do índice de confiança do empresário do comércio (ICEC), realizada pela CNC em março de 2023. Entre os empresários pernambucanos, 36% acreditam que as condições atuais da economia brasileira melhoraram um pouco. 46,4% das empresas com mais de 50 empregados em Pernambuco entendem que as condições atuais da economia evoluíram discretamente. Por grupo de atividade, 43,1% das empresas de bens não duráveis (alimentos, itens de higiene pessoal etc.) concordam com essa classificação.
A pesquisa tem como objetivo produzir um indicador com capacidade de medir a percepção do empresário do comércio sobre o nível atual e futuro de investimento no curto e médio prazo. O índice 100 marca a fronteira entre a insatisfação e a satisfação do empresário, isto é, abaixo de 100 pontos indica pessimismo, enquanto acima de 100 pontos indica otimismo do empresário. Os recortes da esquisa são: nível de confiança geral, condições atuais da economia e do setor, expectativas futuras, investimentos, emprego.
É possível observar que há uma tendência de queda no Índice de Confiança do Empresário do Comércio em Pernambuco nos últimos 4 meses, o que acompanha a relação de freio que a taxa Selic (13,75% ao ano) tem sobre o consumo das famílias. Além disso, os resultados negativos das últimas Pesquisas de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC/CNC) indicam uma relação entre a queda da confiança do empresário com a capacidade de seus clientes em honrar seus compromissos financeiros, o que pode levar a uma postura mais cautelosa na concessão de crédito. Isso pode resultar em menos vendas, menos empregos e em um impacto negativo na receita da empresa, principalmente sobre empresas de bens duráveis (geladeira, máquina de lavar, fogão etc.) e sobre o setor de serviços.
Além disso, as incertezas políticas geradas pela alternância de poder também são refletidas no índice de confiança, com o medo de afetar a estabilidade financeira e regulatória para os negócios. Isso pode gerar preocupações sobre a possibilidade de aumento de impostos, mudanças nas leis trabalhistas, alterações nas políticas de comércio exterior, entre outros fatores que afetam diretamente o ambiente de negócios.
Com relação às condições atuais do setor do Comércio, 37,7% dos empresários pernambucanos acreditam que a condição atual do setor melhorou discretamente. Por porte da firma, 24,3% das empresas com até de 50 empregados creem que a condição atual do setor regrediu levemente. Por grupo de atividade, 31,8% das empresas de duráveis consideram que a condição do setor piorou muito.
Em relação às condições atuais da empresa, 44,5% dos empresários concordam numa leve melhoria, enquanto 19,9% acreditam que as condições do setor pioraram um pouco. Por porte da firma, 44,2% das empresas com até 50 empregados consideram que as condições avançaram de maneira tímida. Por grupo de atividade, 46,9% das empresas de semiduráveis (roupas, calçados, mochilas etc.) julgam que as condições progrediram moderadamente.
Em função da expectativa para a economia brasileira, 36,8% dos empresários consideram que a economia vai melhorar levemente, alcançando um índice de 138,1 pontos, o que indica um otimismo do setor de Comércio. Entre os negócios, 33,3% das empresas com mais de 50 empregados acreditam que a economia brasileira vai melhorar um pouco. Por grupo de atividade, 45,5% das empresas de semiduráveis julgam que a economia brasileira vai avançar muito. O otimismo no setor do Comércio pode ser interpretado como um reflexo de uma expectativa de expansão na política de crédito.
Ao analisar a expectativa para o comércio, 44,7% dos empresários acreditam que vai haver um forte progresso. Esse otimismo é mais evidente no grupo de semiduráveis, com 47,2% dos empresários reforçando essa afirmação.
Com relação à expectativa da empresa, 49,8% das firmas entendem que vão evoluir significativamente, o que aponta um índice de 161,8 pontos e se traduz em otimismo em relação às expectativas da empresa. Enquanto isso, 49,7% das firmas de semiduráveis julgam que vão crescer bastante.
Mais de 41% das empresas pernambucanas acreditam que vão contratar um pouco mais nos próximos meses.
Em relação à expectativa de contratação de funcionários, 41,5% das empresas pernambucanas creem que vão aumentar levemente o quadro de colaboradores, sendo que 41,4% das empresas com até 50 empregados e 46,2% das empresas com mais de 50 empregados reforçam essa afirmação. Por outro lado, 38% das empresas de semiduráveis acreditam que vão reduzir um pouco seu quadro de funcionários.
Em relação ao nível de investimento das empresas, 36,3% das firmas pernambucanas afirmam que aumentarão modestamente seus investimentos, enquanto 30,7% afirmam que reduzirão levemente. Entre os grupos de atividades, 43,1% das empresas de não duráveis afirmaram que aumentarão seus investimentos parcialmente. O índice geral do indicador chegou a 101,1, ligeiramente acima da marca de fronteira entre insatisfação e satisfação, o que indica uma neutralidade sobre os investimentos no setor. Essa situação poderá se depreciar nos próximos meses devido a alta taxa de juros, que desestimula os investimentos das empresas.
No que diz respeito à situação atual dos estoques, 62,6% das empresas afirmam que seus estoques estão adequados. Já 28,9% das empresas de bens duráveis afirmam que seus estoques estão acima do adequado. O índice, por sua vez, apontou 85,7 pontos, o que evidencia uma insatisfação com a situação atual dos estoques.
O cenário para os empresários pernambucanos ainda é de um leve otimismo, que se reflete no acréscimo do investimento e no aumento do quadro de empregados. Contudo, quando comparamos com os meses anteriores (novembro de 2022 a março de 2023), observamos um forte recuo desse otimismo, que destaca um avanço no pessimismo dos empresários do Comércio. A expectativa para o Comércio também reflete esse ânimo do setor, com mais de 83% da população pesquisada com esperança de progresso. Contudo, há uma insatisfação com a situação atual dos estoques, com um percentual significativo de empresas de bens duráveis afirmando que seus estoques estão acima do adequado. Em resumo, o cenário é de otimismo cauteloso, com alguns pontos de preocupação a serem monitorados pelas empresas.