inteligência artificial (IA)

Por que o ChatGPT, o Midjourney e o Dall-E são uma nova era na inteligência artificial?

IA generativa cria modelos de linguagem, aptidão inerente à condição humana. Se antes robôs analisavam textos e faziam reconhecimento facial, agora escrevem conteúdos

ChatGPT - Fabrice Coffrini / AFP

A Itália determinou nesta sexta-feira o bloqueio temporário do ChatGPT. Um grupo de acadêmicos e executivos do setor de TI, como Elon Musk, divulgou esta semana uma carta pública, que já tem 1.800 assinaturas, pedindo uma pausa no desenvolvimento das novas gerações de inteligência artificial (IA). E, na quinta-feira (30), a plataforma Midjourney suspendeu seus testes gratuitos após imagens falsas com o Papa e com ex-presidente Donald Trump viralizarem nas redes.

Mas, afinal, por que o ChatGPT, o Midjourney, o DALL-E e outras ferramentas do tipo são tão diferentes de tudo o que já vimos antes em inteligência artificial?

Essas plataformas, que se popularizaram este ano, adotam a inteligência artificial (IA) generativa. Ou seja, é uma IA que cria de forma autônoma um modelo de linguagem, seja um texto, uma imagem ou um código de programação.

A aptidão para criar uma linguagem é inerente à condição humana – e por isso seu desenvolvimento suscita tantos temores entre líderes globais.

Até então, a inteligência artificial amparada em aprendizado de máquinas era mais restrita e, por isso mesmo, chamada por especialistas de “analítica”, em vez de “generativa”. E, o mais crucial para a rápida adesão pelos usuários às novas plataformas de IA: elas têm interface natural, ou seja, de fácil uso e muitas vezes indistinguíveis de como seria uma atividade humana.

Entenda, abaixo, por que a nova era da IA é tão diferente de todos os avanços anteriores em inteligência artificial:

Quais foram as inovações?
Relatório do banco americano Goldman Sachs listou as três características fundamentais que distinguem a inteligência artificial dessa nova geração em relação às ferramentas anteriores de aprendizagem de máquinas. São elas:

A fagulha da criação: As novas ferramentas de IA, como ChatGPT (texto), DALL-E (imagens) e GitHub Copilot (codificação), são capazes de gerar conteúdos e enredos novos a partir de extratos de conteúdos previamente disponíveis. Esses conteúdos são indistinguíveis de algo criado pelo ser humano. Ferramentas anteriores de IA apenas descreviam ou interpretavam informações já existentes, não criavam conteúdo novo.

Interface responsiva e natural: A abordagem dessas ferramentas com o usuário é de tanto de compreender seus pedidos, mesmo quando estes são feitos de maneira complexa, como de responder com textos, imagens, áudios e vídeos naturais e contextuais, sem apresentações robóticas.

Generalizada e não só específica: As respostas e os casos em que as ferramentas podem ser aplicadas são abrangentes, ou seja, não se restringem a situações específicas, como acontecia na IA até então. Isso permite mais interação com outras inovações.

Como funciona na prática?
Textos
Aprendizado de máquinas (IA analítica): classifica e analisa

IA generativa: responde a questões textuais complexas com linguagem e estrutura gramatical natural, indistinguível da humana

Imagens
Aprendizado de máquinas (IA analítica): faz reconhecimento facial e de imagens

IA generativa: cria imagens originais, gráficos e vídeos baseados nos comandos dos usuários

Dados
Aprendizado de máquinas (IA analítica): realiza previsões e inferências estatísticas.

IA generativa: Gera códigos de programação e explica como eles podem ser usados em outras aplicações.