Confiança na ciência e nas vacinas caiu entre os brasileiros, diz pesquisa da Fiocruz
Ainda assim, a maioria da população diz confiar na ciência e no papel dos imunizantes
Uma nova pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostra que houve uma queda no número de brasileiros que confia na ciência e nas vacinas, embora eles ainda representem a maioria da população. Chamado de “Confiança na ciência no Brasil em tempos de pandemia”, o levantamento mostra ainda que a maior parte do país reconhece a existência das mudanças climáticas e atribui a sua causa à ação humana.
Foram realizadas entrevistas domiciliares, pessoais e individuais com 2.069 pessoas com 16 anos ou mais, no período de agosto a outubro deste ano. 68.9% dos participantes declararam confiar ou confiar muito na ciência. Já 23,5% disseram confiar pouco. 5,8% afirmaram não confiar, e 1,8% não souberam ou não quiseram responder.
A pesquisa mostra ainda disparidades regionais. Enquanto em âmbito nacional 29,3% dos brasileiros diz confiar pouco ou não confiar na ciência, esse percentual é de 43,3% na região Centro-Oeste. No Nordeste, é de 30,6%; no Sul, 28,2%; no Sudeste, 27,2%, e na região Norte, 26,1%.
Embora não possam ser diretamente comparadas por envolverem métodos de pesquisa diferentes, os responsáveis pelo levantamento da Fiocruz citam os resultados do Índice do Estado da Ciência, um amplo estudo mundial, em que mais de 90% dos entrevistados concordavam com a afirmação “eu confio na ciência”.
Para eles, os dados indicam que a confiança dos brasileiros “parece ter sido afetada negativamente por campanhas organizadas de desinformação, que cresceram em quantidade e impacto durante a pandemia de Covid-19”, como escrevem na pesquisa.
“Isso indica um cenário de desafios para gestores, cientistas, educadores e profissionais de comunicação, que precisam desenhar estratégias de comunicação pública da ciência que levem em consideração as especificidades de local, perfil de público e contexto”, acrescentam.
Vacinas e mudanças climáticas
Em relação à vacinação, 86,7% dos entrevistados concordam que elas são importantes para proteger a saúde pública, embora 40% acredite que as empresas farmacêuticas “escondem os perigos” dos imunizantes. 46,4% diz ainda que os efeitos colaterais são um risco.
Especificamente sobre a Covid-19, 73% concorda que as vacinas ajudam a acabar com a pandemia. No entanto, aproximadamente 13% não pretendem tomar doses de reforço e quase 8% dos que têm filhos ou menores sob sua responsabilidade não têm a intenção de vaciná-los. Para 46,7% dos entrevistados, o governo federal forneceu informações falsas sobre os imunizantes.
Os pesquisadores perguntaram ainda sobre mudanças climáticas. A maioria (91%) reconhece que elas estão acontecendo, enquanto menos de 6% acredita que elas não existem. Para 30,6%, o Brasil é um dos países que melhor preserva o meio ambiente, embora 42,8% discordem da afirmação.