Taxa Selic

Haddad se reúne com Campos Neto pela 1ª vez após manutenção de juros

Mais cedo, chefe da Fazenda afirmou que há espaço para redução da Selic

Fernando Haddad, ministro da Fazenda - Pedro Gontijo/Senado Federal

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, se reuniram pela primeira vez, nesta segunda-feira (3), desde que a autoridade monetária decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano. Em rápida declaração à imprensa, Haddad disse que eles conversaram sobre vários temas e que a reunião foi “muito boa”.

— Foi uma reunião de rotina, em que a gente conversa sobre vários temas. Alinha informações, troca informações, estabelece alguns protocolos de como encaminhar as coisas. Foi muito boa. Conversamos sobre tudo, não tem uma pauta específica — disse Haddad.

Atualmente, a Selic, a taxa básica de juros da economia, está em 13,75% ao ano. É o maior patamar desde 2016, e tem sido alvo de críticas pelo governo, que culpa o índice pela desaceleração nos investimentos. Cabe ao Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central definir a Selic. O Copom é formado pelo presidente e pelos diretores do Banco Central. A última reunião foi realizada no dia 22 de março.

Antes da reunião, Haddad disse que há espaço para corte na taxa de juros.

— Na minha opinião, tem espaço para cortes. Quando vai ser esse corte? Eu não sei, eu não estou lá dentro. Tem um espaço para corte suficiente para garantir que a economia brasileira se reestabilize — disse Haddad, em entrevista à GloboNews.

Haddad mencionou pesquisa Datafolha, que indicou que 80% dos brasileiros concordam com a pressão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a queda nos juros.

O ministro também afirmou ter a impressão de que o que está acontecendo no mercado de crédito brasileiro, sobretudo no mercado de capitais, não está chegando com inteireza ao Banco Central.

— Não faço parte do BC, mas é um tema recorrente em nossas conversas: “será que vocês estão considerando o que parece estar acontecendo no mercado de capitais?” — disse, em entrevista à GloboNews.

O ministro também reafirmou que vê espaço para política fiscal mais expansionista que o aprovado na PEC da Transição, no ano passado, quando os gastos neste ano subiram em R$ 170 bilhões. O espaço para o crescimento, disse ele, terá que vir de outro lugar, especialmente dos juros.

— O que vai fazer a economia crescer é o investimento privado. Existe espaço para crescer com PEC da Transição, com o arcabouço, a reforma tributária e a queda da taxa de juros.