Brasileiro vence concurso de design das medalhas dos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude
A escolha pelo trabalho de Dante Akir Uwai, de 27 anos, morador de Brasília, foi realizada a partir de uma avaliação de cerca de 3 mil inscrições
O brasileiro Dante Akir Uwai, de 27 anos, venceu o concurso que elegeu o design das medalhas dos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude a ser realizado em Gangwon, na Coreia do Sul, entre 19 de janeiro e 1º de fevereiro de 2024. Sua criação foi intitulada "Um Futuro Brilhante", informou o Comitê Olímpico Internacional (COI) nesta terça-feira (4).
A escolha pelo trabalho de Dante foi realizada a partir de uma avaliação de cerca de 3 mil inscrições.
Participaram do painel de jurados a atleta olímpica Laurenne Ross, a antiga vencedora Zakea Page, representantes dos programas de Jovens Repórteres do COI, Jovens Líderes e Jovens Apoiadores de Gangwon 2024. O período de análise durou seis semanas.
Dante nasceu em São Paulo e cresceu em Brasília, onde mora até hoje. Formado em arquitetura, ele disse ao portal do COI que a arte sempre fez parte de sua vida.
"Eu desenho desde quando me entendo por gente. Desde criança era meu hobby favorito. Lembro de levar muitas broncas em sala de aula por estar desenhando quando não podia", disse ele ao COI, lembrando que se questionou se devia seguir carreira na área artística ou não. "Eu moro no Brasil, é muito difícil viver de arte aqui. Até por isso eu estudei arquitetura e não artes plásticas para abrir mais possibilidades no mercado de trabalho".
Apesar de não ser um atleta profissional, Dante também guarda boas lembranças das aulas de educação física na adolescência, época em que ele jogou tênis e nadou em competições na escola. Ainda hoje, Dante considera o esporte parte fundamental de sua identidade e também destacou os momentos olímpicos que mais marcaram sua vida, incluindo os Jogos Olímpicos Rio 2016.
"Uma das lembranças que mais me emocionada é do Vanderlei Cordeiro de Lima, dele terminando a maratona [Atenas 2004] com todos os percalços que ele teve que passar. Essa competição acendeu aquela chama de novo", contou.
Dante contou que o curso de arquitetura lhe aproximou mais do conhecimento de outros tipos de arte que vão além do desenho no papel, em especial pintura e escultura.
"Comecei a perceber que esse amor vai para além do desenho", afirmou.
Dante explicou que o design que fez para a medalha é uma interpretação geométrica do lema "Crescer juntos, brilhar para sempre". Enquanto as linhas verticais são usadas para transmitir a ideia de crescimento, outros elementos, criados por meio de recordes e mudanças de textura, representam o grupo diverso de pessoas que participam dos Jogos Olímpicos. De acordo com ele, a variedade de formas demonstra a diversidade e como podemos contribuir de diferentes meios para a paz e a convivência, enquanto os acabamentos polidos criam pequenas centelhas dinâmicas de luz, simbolizando nosso desejo de superar e fazer mudanças positivas no mundo.
"Eu pensei em duas diretrizes. A primeira é que eu não queria que a medalha fosse um quadro para uma pintura, que estivesse lá só para ser observada. Eu queria que ela fosse tratada como uma escultura. A escultura você pode pegar, ver de vários ângulos, sentir a textura, e eu acho que a medalha tem muito disso", explicou.
"Outra coisa era também trabalhar a materialidade. Na arquitetura, aprendemos que você não vende um edifício só olhando para ele. Você tem que entrar no edifício, tocá-lo para entender como essa materialidade funciona. A medalha é feita de metal, que pode dar vários acabamentos, polido, fosco e colocar diferentes texturas. E eu queria que essa parte polida fosse protagonista da medalha".
Quanto à decisão em participar do concurso das medalhas, Dante destacou que foi muito importante para ele resgatar sua paixão pela criação artística.
"Tem uma frase que fala 'o que diferencia o artista das outras pessoas não é o talento ou uma coisa inata, mas é uma ardente necessidade de criar'. Eu acho que é uma coisa que eu levo muito comigo. Quando fico muito tempo sem fazer arte ou sem desenhar alguma coisa, eu fico mal, eu fico doente, fico para baixo. Eu estava meio perdido, sem saber o que fazer, e quando vi essa oportunidade, eu pensei 'é agora! Vou voltar a fazer o que realmente gosto'. Esta competição acendeu aquela chama de novo e, para mim, fez muito bem como artista. Ter esse reconhecimento é como se fosse um sinal de que estou indo pelo caminho certo, aquilo que alimentei durante tantos anos é realmente o que vale ser seguido", afirmou.