Vídeo

Após reações do PT, deputado minimiza conversa entre Boulos e Datena

Após reações do PT, deputado minimiza conversa entre Boulos e Datena

Guilherme Boulos e Datena em conversa que circula pelas redes sociais - Reprodução Twitter

Um dos deputados paulistas mais próximos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Emidio de Souza (PT) minimizou a conversa do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) com o apresentador José Luiz Datena (PDT), que em vídeo supostamente vazado sugeriu ocupar a vice na chapa do líder sem-teto para a prefeitura de São Paulo em 2024.

– Não vejo maior gravidade. Na política, todo mundo conversa com todo mundo. As opiniões expressas ali foram do Datena, não do Boulos. E vindo do Datena, não esperava outra coisa – disse Emidio.

Segundo o deputado estadual, que também é próximo ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), a divulgação do vídeo em que Datena tenta convencer Boulos a “peitar” Lula e concorrerem juntos na próxima eleição municipal “não altera em nada” o acordo do PT para apoiar o psolista em 2024.

– Muita fumaça por nada – resumiu Emidio.

O vídeo repercutiu negativamente dentro do PT. Gleide Andrade, secretária nacional de Planejamento e Finanças da legenda, ironizou o encontro de Boulos e Datena no Twitter.

"Vexame pior é o Boulos tentar explicar o inexplicável, para mim vale a máximo 'a emenda ficou pior que o soneto'", escreveu ela.

Entenda o acordo
Boulos retirou a pré-candidatura ao governo de São Paulo no ano passado em troca do apoio da legenda de Lula ao seu nome na disputa municipal do ano que vem. A saída do psolista da eleição estadual ajudou Fernando Haddad, então candidato petista ao Palácio dos Bandeirantes, a formar uma frente ampla de esquerda e chegar ao segundo turno.

O acordo com o PT envolveu Lula, Haddad, o ex-presidente do PT-SP, Luiz Marinho, atual ministro do Trabalho, e a dirigente nacional da legenda, Gleisi Hoffmann, que já reafirmou publicamente o compromisso de apoiar Boulos.

Como contrapartida ao apoio, o PT tem exigido a vice na chapa do deputado do PSOL, mesma vaga cobiçada por Datena no vídeo supostamente vazado.

Uma ala do PT ligada ao secretário de Comunicação da sigla, Jilmar Tatto, defende que o partido lance um candidato próprio ou discuta a filiação de Boulos, possibilidade rechaçada pelo psolista, segundo pessoas próximas a ele.

— Se foi feito acordo, nós vamos cumprir. Mas vamos discutir as bases desse acordo. O Boulos poderia vir para o PT, por exemplo. O PT é grande demais para ficar sem candidato na cidade. Para o Boulos, seria a melhor coisa do mundo — disse Tatto ao GLOBO.

Embora critique a ideia de apoiar um candidato de fora do partido, a ala ligada a Tatto carece de uma liderança forte em São Paulo com a mesma competitividade de Boulos. O partido teme repetir o fiasco de 2020, quando Tatto teve o pior desempenho da história do PT na cidade, com apenas 8,6% dos votos. Na época, o PT pressionou para que Tatto desistisse da candidatura e apoiasse Boulos. Lula chegou a dizer que a decisão de não apoiar Boulos foi “exclusivamente” de Tatto.