Saiba como evitar problemas com a alimentação durante a Semana Santa
Especialistas dizem que é preciso ter atenção para evitar exageros
Com a chegada da Sexta-Feira da Paixão, data que marca o dia da morte de Jesus Cristo na doutrina cristã, muitas famílias evitam o consumo de carnes vermelhas e aderem aos pescados, um jejum que, na tradição católica, costumava se estender por toda a Quaresma, mas que, com o passar do tempo, passou a ser restrito à parte da Semana Santa. Além dos pratos com peixes, outros alimentos foram incorporados ao cardápio desta época, como o chocolate, que é um dos mais procurados.
Do peixe ao leite de côco ao bacalhau, passando pelos ovos de chocolate e pelas taças de vinho, as opções de preparos e acompanhamentos são vastas. Essa variedade estará nas mesas de boa parte dos pernambucanos. Na casa da vendedora Sabrina da Silva, 41, o cardápio foi definido dias antes do início do jejum. “Vou preparar o peixe no coco, peixe frito, camarão alho e óleo, bredo e outros pratos”, conta.
“O chocolate também não pode faltar nessa época. Eu mesma não tenho cuidados, não. Me acabo no peixe, no sururu, no camarão e, claro, nos doces”, completa Sabrina.
A professora Maria Silvania, 61, também pensou em pratos especiais para a Sexta-Feira Santa, o Sábado de Aleluia e o Domingo de Páscoa. “Vou fazer peixe no coco, que não pode faltar, além do feijão no coco. Vai ter comida para a família toda”, diz Silvania.
Especialistas alertam, no entanto, que o consumo exagerado de algumas comidas pode causar problemas à saúde. Segundo o nutricionista Júlio Campos, quem não tem restrições alimentares pode comer sem preocupações, desde que seja com equilíbrio. “É importante aproveitar o momento com a família para se comer o que gosta, mas sempre com equilíbrio. Em moderação, nenhum desses alimentos faz mal, mas nenhum excesso é benéfico à saúde”, diz o profissional.
No caso do chocolate, o consumo em excesso pode ocasionar distúrbios gastrointestinais como náuseas, dores abdominais e diarréia. “Chocolate, leite de coco e creme de leite são elementos bem calóricos. Se comidos em excesso, há grandes chances de haver excesso calórico e ganho de peso; além de alterações na microbiota intestinal, promovendo dores abdominais. Pessoas que têm refluxo e azia ainda precisam ter uma atenção especial com o consumo de chocolates, visto que os sintomas podem piorar com a ingestão desses alimentos”, completa Júlio Campos.
De acordo com o nutrólogo Diego Pascaretta, o consumo fracionado – comum nos domingos de Páscoa – também pode representar um risco. “As pessoas normalmente acabam guardando os alimentos, pegam os ovos de Páscoa e colocam na geladeira para pegar um pedaço a cada hora. O consumo fracionado e durante um período maior pode gerar malefícios à saúde”, diz o nutrólogo.
Apesar dos perigos oferecidos pelos excessos, alimentos como o peixe e mesmo o chocolate possuem benefícios nutricionais, a depender do preparo, do tipo do produto e da quantidade consumida. O chocolate, frequentemente tratado como vilão, tem suas opções mais saudáveis, as que têm maior quantidade de cacau na composição (os chocolates 70%, por exemplo).
“Além de ter substâncias antioxidantes, o cacau é rico em ferro e tem uma gordura boa, que age na redução do colesterol ruim. O cacau também tem cafeína, que estimula o sistema nervoso, entre outros componentes que podem ser benéficos. Então o ideal é que o chocolate tenha menos açúcares, menos gorduras hidrogenadas, não ter gorduras trans e ter uma maior concentração de cacau, quanto mais amargo, mais benefícios para a saúde”, explica Pascaretta.
Sobre o peixe, o nutricionista Júlio Campos explica que há benefícios no consumo, mas, a depender do preparo, esses pontos positivos podem ser anulados. “É uma proteína magra, com pouca gordura. O Ômega 3, que é a gordura presente neste tipo de alimento, tem um efeito anti inflamatório, podendo melhorar a cognição cerebral e até aliviar os sintomas de depressão. O que faz com que o peixe mude de herói para vilão são as formas de preparo; se houver incremento de muitas gorduras, como frituras, por exemplo, esses benefícios citados se perdem”, afirma Campos.
Ainda, os profissionais destacam que há outros alimentos e preparos comuns na Semana Santa que merecem atenção. “É preciso ter um cuidado a mais com os crustáceos, que são mais perecíveis. A chance de gastroenterite por contaminação a partir do consumo desse alimento acaba aumentando um pouco”, diz o nutrólogo Diego Pascaretta.