Salva de foguetes do Líbano atinge Israel após confrontos em Al-Aqsa
Nenhum grupo reivindicou os ataques até o momento
Dezenas de foguetes foram lançados nesta quinta-feira (6) do Líbano contra o território de Israel, em um momento de tensão após a operação violenta da polícia do Estado hebreu na mesquita de Al-Aqsa em Jerusalém.
Os foguetes deixaram, ao menos, um ferido em Israel, segundo os serviços de resgate.
O exército israelense informou que 34 foguetes foram disparados a partir do Líbano: 25 foram interceptados pela defesa antiaérea e pelo menos cinco atingiram o território israelense.
Israel e Líbano permanecem tecnicamente em guerra após vários conflitos. A fronteira entre os dois países é monitorada pela Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FINUL), que tem o objetivo de garantir o cessar-fogo.
Um porta-voz do exército assegurou que os foguetes eram palestinos.
"Poderia ser o [movimento islamista palestino] Hamas, poderia ser a Jihad islâmica. Porém, estamos tentando chegar a uma conclusão final sobre isso, mas não foi o Hezbollah" libanês, disse o tenente-coronel Richard Hecht.
O último lançamento de foguetes do Líbano em direção a Israel ocorreu em abril de 2022, mas o incidente de quinta representa a maior escalada desde a guerra de 2006 contra o poderoso Hezbollah libanês.
Ninguém reivindicou a autoria dos ataques até agora e o exército do Líbano disse que desmantelou plataformas de lançamento de foguetes encontradas no sul de seu território.
Antes do ataque, as sirenes de alerta foram acionadas nas cidades de Shlomi e Moshav Betzet, assim como na região da Galileia, norte de Israel.
O episódio acontece em um momento de aumento das tensões depois da violenta intervenção policial de quarta-feira na mesquita Al Aqsa de Jerusalém, que levou 350 pessoas para a prisão, segundo a polícia.
O templo está localizado na Esplanada das Mesquitas, terceiro lugar sagrado do islã e localizado em Jerusalém Oriental, o setor palestino da cidade ocupado e anexado por Israel.
"Evitar uma escalada ainda maior"
A Agência Nacional de Informação do Líbano noticiou que a artilharia israelense lançou "vários projéteis a partir de suas posições na fronteira" contra duas localidades do sul do Líbano.
A agência, que não divulgou um balanço de vítimas, afirmou que os bombardeios foram uma resposta ao lançamento de "vários foguetes do tipo Katyusha" contra Israel.
Um porta-voz militar israelense negou as informações e disse que o exército "não respondeu até o momento".
Os Estados Unidos condenaram o lançamento de foguetes e disse que Israel tinha o "legítimo direito" de se defender, segundo o porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu "máxima moderação" a "todos os atores".
No Líbano, a FINUL, pediu pela moderação. "A situação atual é extremamente séria. A FINUL pede pela moderação para evitar uma escalada maior", disse
Em Fassouta, um povoado do norte de Israel, um jornalista da AFP viu restos de um foguete em uma estrada.
Em Shlomi, outra equipe da AFP viu casas danificadas pela explosão de um foguete que caiu na calçada .
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, está recebendo "atualizações contínuas sobre a situação de segurança e avaliará o cenário com os comandantes das forças de segurança", anunciou seu gabinete.
O ministro da Defesa, Yoav Gallant, foi informado sobre o que aconteceu na fronteira norte, segundo um porta-voz.
Confrontos na Esplanada
Israel recebeu muitas críticas internacionais depois de uma operação da polícia na madrugada de quarta-feira para retirar, com violência, fiéis palestinos da Esplanada das Mesquitas de Jerusalém, o terceiro local sagrado do islã.
A intervenção, que terminou com 350 detidos segundo a polícia e 37 feridos de acordo com o Crescente Vermelho palestino, provocou o aumento dos lançamentos de foguetes a partir de Gaza e de bombardeios israelenses.
O incidente aconteceu durante as celebrações da Páscoa judaica e do mês muçulmano do Ramadã.
O Hezbollah, influente movimento libanês e pró-Irã, que tem um braço armado, afirmou que apoiará todas as medidas das organizações palestinas contra Israel após os confrontos.
O Hezbollah, inimigo de Israel, tem boas relações com o movimento islâmico Hamas, que governa a Faixa de Gaza, e com a Jihad Islâmica palestina.