Tensão

Israel mobiliza policiais e soldados após atentados

Em Tel Aviv, um motorista avançou na noite de hoje com seu carro por uma ciclovia à beira-mar, matando um homem e ferindo sete pessoas, de 17 a 74 anos

Oriente Médio vive nova escalada de tensão - Jalla Marey/AFP

Israel anunciou na noite desta sexta-feira a mobilização de policiais e reforços militares, após a morte de três pessoas em dois atentados, em uma nova escalada da tensão no Oriente Médio.

Em Tel Aviv, um motorista avançou na noite de hoje com seu carro por uma ciclovia à beira-mar, matando um homem e ferindo sete pessoas, de 17 a 74 anos.

A chefe de governo italiana, Giorgia Meloni, informou que o homem que morreu era o cidadão italiano Alessandro Parini, 36, e enviou condolências à família da vítima. Entre os feridos internados no hospital Ichilov, em Tel Aviv, estavam quatro turistas: três britânicos e um italiano.

Um porta-voz da polícia informou à AFP que "o terrorista foi neutralizado. Foi um ataque terrorista contra civis." A polícia o identificou como um homem de 45 anos procedente de Kfar Kassem, cidade árabe no centro de Israel.

Após o atentado, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ordenou "mobilizar todas as unidades da polícia nas fronteiras e forças adicionais (do Exército), para enfrentar os atentados terroristas".

Durante a manhã, duas irmãs anglo-israelenses, de 16 e 20 anos, haviam sido mortas em um atentado no assentamento judaico de Efrat, na Cisjordânia, um território ocupado por Israel desde 1967.

Os Estados Unidos expressaram apoio ao governo israelense. "Atacar civis inocentes de qualquer nacionalidade é inadmissível", disse o porta-voz da diplomacia americana, Vedant Patel.

Os atentados acontecem após bombardeios lançados por Israel contra posições do movimento palestino Hamas na Faixa de Gaza e no sul do Líbano em resposta ao lançamento de dezenas de foguetes contra o seu território.

A tensão aumentou depois da intervenção da polícia israelense na quarta-feira na mesquita de Al-Aqsa de Jerusalém, coincidindo com as festividades do Ramadã muçulmano e da Páscoa judaica.

Dezenas de foguetes foram lançados na quinta-feira contra Israel, que respondeu na madrugada de hoje com bombardeios contra posições movimento palestino Hamas no Líbano e na Faixa de Gaza.

Em Tiro, no sul do Líbano, correspondentes da AFP ouviram fortes explosões.

"Ao menos dois projéteis caíram perto do campo para refugiados palestinos de Rashidieh, disse o refugiado Abu Ahmad à AFP.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, havia prometido uma reação veemente do país. "Vamos atacar nossos inimigos e faremos com que paguem o preço de cada agressão", disse.

Na quinta-feira, dia da Páscoa judaica, mais de 30 foguetes foram disparados contra o território de Israel a partir do Líbano, na escalada mais intensa do conflito desde 2006 na fronteira entre os dois países, que tecnicamente continuam em guerra após vários conflitos.

Desde abril de 2022 não eram disparados foguetes do Líbano em direção a Israel, que na época também bombardeou o país vizinho. Mas o incidente de quinta-feira é considerado o mais grave desde a guerra de 2006 contra o Hezbollah.

"As ameaças e intimidações dos dirigentes sionistas não levarão a nada", afirmou Naim Qasem, número dois do movimento xiita Hezbollah, que controla de fato o sul do Líbano.

"Todo o eixo da resistência se encontra em estado de alerta", acrescentou.

Pedidos de moderação
O movimento palestino Hamas condenou "nos termos mais veementes possíveis a espantosa agressão israelense contra a Faixa de Gaza cercada e o Líbano".

Hamas e Jihad Islâmica informaram nesta sexta-feira ao Egito - que habitualmente atua como mediador - que "as facções palestinas prosseguirão com os lançamentos de foguetes, caso Israel continue com as agressões e bombardeios", afirmaram à AFP fontes dos dois grupos em Gaza.

O ministério libanês das Relações Exteriores afirmou que o país deseja preservar a calma na região sul e pediu à comunidade internacional que "pressione Israel para frear a escalada".

O comandante da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FINUL), general Aroldo Lázaro, conversou com autoridades dos dois países a afirmou em um comunicado que "os dois lados não querem a guerra".

O Reino Unido pediu a "todas as partes uma desescalada". A França reiterou seu "compromisso inabalável com a segurança de Israel e a estabilidade e soberania do Líbano".

A Rússia pediu o "fim da violência". O porta-voz da diplomacia do Irã, Nasser Kanani, criticou as "ações agressivas do regime sionista".

Os ataques e bombardeios aconteceram depois da retirada violenta de fiéis palestinos da mesquita de Al-Aqsa de Jerusalém, uma operação que terminou com 350 detidos, segundo a polícia israelense, e 37 feridos, segundo o Crescente Vermelho.

O templo fica na Esplanada das Mesquitas, terceiro local sagrado do islã e localizado em Jerusalém Oriental, o setor palestino da cidade ocupado e anexado por Israel desde 1967.