Combate

China anuncia manobras militares no Estreito de Taiwan

O Ministério da Defesa de Taiwan informou que detectou 13 aeronaves e três embarcações militares chinesas em torno da ilha

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A China anunciou, neste sábado (8), o lançamento de três dias de manobras militares no Estreito de Taiwan, em um contexto de tensão com a ilha do Pacífico, após uma reunião da presidente Tsai Ing-wen com a segunda principal autoridade americana.

As manobras "servem como advertência severa contra o conluio entre as forças separatistas que buscam 'a independência de Taiwan' e as forças externas", afirmou em um comunicado o porta-voz militar chinês, Shi Yin.

"O exercício de hoje se concentra na capacidade de tomar o controle do mar, o espaço aéreo e da informação [...] para criar uma dissuasão e um cerco total de Taiwan", acrescentou em uma declaração no canal estatal CCTV.

De acordo com a emissora, contratorpedeiros, navios rápidos com lança-mísseis, caças e navios-tanque serão mobilizados durante as manobras.

A localização exata das operações não foi divulgada, mas na segunda-feira (10) os exercícios utilizarão munição letal na costa da província de Fujian, diante de Taiwan, informou a autoridade marítima regional em um comunicado.

A parte mais reduzida do Estreito de Taiwan entre a costa chinesa e a ilha tem 130 km de largura.

O anúncio das manobras aconteceu depois da reunião, na quarta-feira na Califórnia, entre a presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, e o presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Kevin McCarthy.

Pouco depois da polêmica reunião, Pequim advertiu que adotaria "medidas firmes e eficazes para salvaguardar a soberania nacional e a integridade territorial".

A China considera esta ilha de governo democrático parte de seu território e não aceita qualquer contato entre os governantes taiwaneses e representantes de outros países.

Para o ministério da Defesa de Taiwan, os exercícios chineses "minam gravemente a paz, a estabilidade e a segurança da região".

A presidente Tsai criticou o "contínuo expansionismo autoritário" da China.

"Preparação para o combate"
Depois de dois dias com a mobilização de aeronaves e navios perto da ilha, o Exército Popular de Libertação chinês anunciou "um exercício de preparação para o combate no Estreito de Taiwan" de 8 a 10 de abril.

O ministério da Defesa de Taiwan anunciou que até as 16H00 locais (5H00 de Brasília) havia detectado nove navios de guerra e 71 aviões militares ao redor de seu território.

"(O Partido Comunista Chinês) criou deliberadamente tensões no Estreito de Taiwan, o que (...) tem um impacto negativo para a segurança e o desenvolvimento econômico da comunidade internacional", declarou.

Porém, no ponto da China continental mais próximo de Taiwan, a ilha de Pingtan, os turistas pareciam alheios aos acontecimentos e faziam fotografias de frente para o mar, onde ainda circulavam navios de mercadorias.

"Eu vi as notícias, mas isto não vai estragar nossos planos para hoje", disse Wu, enquanto caminhava à beira-mar com seu parceiro.

Outra mulher, que não revelou o nome, afirmou à AFP que não ouviu falar das manobras militares. "Que situação? Não tem nada acontecendo", disse.

A China executou manobras militares ao redor da ilha em agosto de 2022, em resposta à visita a Taipé de Nancy Pelosi, a antecessora de McCarthy na presidência da Câmara de Representantes.

O atual líder da Câmara americana também pretendia viajar à ilha, mas terminou optando por uma reunião com Tsai na Califórnia, o que provocou a irritação de Pequim.

A presidente taiwanesa fez uma escala nos Estados Unidos depois de visitar Guatemala e Belize, dois dos últimos aliados oficiais da ilha, que recentemente perdeu o apoio de Honduras, que estabeleceu relações com Pequim.

Atualmente, apenas 13 países reconhecem Taipé. A lista não inclui o governo dos Estados Unidos, que, no entanto, é um dos principais aliados e fornecedor de armas para Taiwan.

Ao retornar a Taipé, Tsai declarou neste sábado que Taiwan "continuará trabalhando com os Estados Unidos e outros países de mentalidade similar para defender em conjunto os valores da liberdade e da democracia".

Na sexta-feira (7), a porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, repetiu que "Taiwan é uma parte inseparável da China".