Marido de Fabiana, da seleção de vôlei, acusa Carrefour de racismo
Vinícius de Paula conta episódio sofrido em uma unidade de Alphaville em suas redes sociais; ele disse que vai processar a empresa
Vinícius de Paula, marido da da seleção brasileira de vôlei Fabiana Claudino, acusou o Carrefour Brasil de racismo. Foi Vinícius quem contou o episódio sofrido em uma unidade da loja em Alphaville, São Paulo, na última sexta-feira (7), em sua rede social. Vinícius publicou um vídeo ao lado de Fabiana e seu advogado, Hédio, neste sábado (8). Ele entrará com uma ação contra o Carrefour.
Vinícius contou que foi a um caixa preferencial que estava vazio e não foi atendido pois a funcionária alegou que poderia levar uma multa. Ele se dirigiu a outro caixa e, enquanto esperava, viu uma cliente branca ser atendida no caixa preferencial.
"Ninguém soube explicar, mas eu sei o que aconteceu. Sei o que senti. Se o Carrefour não fosse uma empresa com histórico racista, eu ia dizer que foi simplesmente uma situação não comum", disse Vinícius, que comentou que esta é mais uma situação "lamentável com o Carrefour Brasil"
Vinícius de Paula afirmou que demorou a entender e chorou no carro: "Coração está doendo".
O advogado disse no vídeo que o "Carrefour é uma empresa que não aprende e não esquece nada. Uma empresa que mata negro, que humilha, que ultraja, que constrange. O que o Vinicius passou ontem é crime, está absolutamente traumatizado do ponto de vista emocional e psíquico. Pelo jeito, o Carrefour não implantou nenhum programa significativo, substantivo. Dessa vez, isso não vai passar impune".
Em 2020, João Alberto Silveira Freitas foi espancado e morto em uma unidade do Carrefour em Porto Alegre. Ele era preto. O caso, que provocou o indiciamento e a denúncia de seis pessoas por homicídio triplamente qualificado, tramita em segredo de Justiça. Os réus vão a juri popular.
Neste episódio, o Ministério Público sustenta que o crime foi praticado em razão da condição de vulnerabilidade econômica e de preconceito racial em relação à vítima (motivo torpe), que João Alberto foi brutalmente espancado e morto por compressão torácica (emprego de meio cruel) e de forma excessiva pelos réus, que agiram em superioridade numérica (meio que dificultou a defesa da vítima).
O Globo procurou a assessoria de imprensa do Carrefour Brasil que enviou a nota abaixo:
"O Carrefour informa que às 15h do dia 07/04 o Sr. Vinicius teve o atendimento recusado por uma operadora de caixa na fila preferencial, sem justificativa. A colaboradora, que estava em período de experiência, foi imediatamente afastada pela gerência e desligada no mesmo dia. Acolhemos o cliente no momento do ocorrido, tendo seguido em contato com ele desde então - e continuamos abertos ao diálogo. Temos uma política de tolerância zero contra qualquer tipo de comportamento desrespeitoso, além de promover esforços constantes na conscientização dos nossos colaboradores.
Nos últimos dois anos o Carrefour assumiu a responsabilidade de fazer uma transformação de dentro para fora no combate ao racismo estrutural no país, com investimento de mais de R$ 115 milhões, com maior foco na área de educação. Todos os nossos colaboradores são constantemente capacitados para uma postura antirracista e recentemente firmamos uma parceria com a Faculdade Zumbi dos Palmares para criação do primeiro curso de nível superior para formação de profissionais na área de segurança visando combater o racismo"