Brasil

Receita Federal revoga exoneração de ex-chefe que tentou liberar joias do casal Bolsonaro

Pedido de demissão do auditor Julio Cesar Vieira Gomes havia sido publicado nesta segunda no Diário Oficial da União

Michelle Bolsonaro, as joias apreendidas e Jair Bolsonaro - Reprodução e fotos da AFP

A Receita Federal revogou, na tarde desta segunda-feira (10), a exoneração do auditor Júlio César Vieira Gomes, que esteve à frente da corporação durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Vieira Gomes ganhou notoriedade nacional devido ao caso das joias da Arábia Saudita destinadas ao antigo casal presidencial.

Em dezembro passado, como revelou o jornal O Estado de S.Paulo, ele tentou reaver os itens de luxo. Nesta manhã, como antecipou Bernardo Mello Franco, o pedido de demissão do cargo havia sido publicado no Diário Oficial da União, mas a Receita Federal vedou a exoneração devido a "investigação preliminar" em curso.

De acordo com o artigo 172, da Lei nº 8.112/90, o servidor que responder a processo disciplinar só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado voluntariamente, após a conclusão do processo e o cumprimento da penalidade, caso aplicada.

Baseado na legislação, o secretário especial da Receita Federal do Brasil, Robinson Barreirinhas, assinou portaria que cita a investigação em andamento como justificativa para tornar sem efeito a publicação original.
 

Relembre o caso
No final de dezembro do ano passado, Vieira Gomes tentou liberar as joias trazidas da Arábia Saudita que estavam confiscadas no Aeroporto Internacional de Guarulhos. O auditor fiscal insistiu com funcionários da alfândega que as peças fossem entregues a um militar enviado pelo gabinete do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para buscar o presente. Apesar da pressão, servidores da alfândega do Aeroporto de Guarulhos não aceitaram liberar as joias.

Com o início da investigação interna, ele deixou o posto de chefia e estava lotado desde o início do ano na Superintendência Regional da Receita no Rio.

Nos últimos dias do governo Bolsonaro, o então secretário chegou a articular sua própria ida para a França, onde exerceria o cargo de adido tributário e aduaneiro na embaixada do Brasil em Paris. A nomeação foi cancelada em janeiro pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad