OBSERVATÓRIO ITAÚ CULTURAL

PIB da cultura e das indústrias criativas cresceu mais do que a economia brasileira

Dados mensurados pela plataforma PIB da Economia da Cultura e das Indústrias Criativas (ECIC) apontam peso do setor na economia do País

PIB do setor cultural cresceu acima do PIB da economia nacional - Divulgação / PCR

O PIB do setor cultural do País cresceu mais do que o mesmo indicador da economia nacional entre os anos de 2012 a 2020. Essa foi a constatação de estudos realizados pelo Observatório Itaú Cultural, a partir da plataforma PIB da Economia da Cultura e das Indústrias Criativas (ECIC), divulgada e lançada ontem durante coletiva de imprensa realizada nas dependências do Instituto Itaú Cultural, localizado na Avenida Paulista, em São Paulo. 

Para o contexto do estudo, considerado o rol de indústrias criativas que inclui, entre outras categorias, o cinema, rádio, TV, artes cênicas e visuais, música, publicidade e atividades artesanais, os segmentos culturais responderam por 3,11% das riquezas geradas no País em 2020 - percentual que ultrapassa, por exemplo, a participação na economia do setor automotivo (2,1%) e que equivale a R$ 230,14 bilhões dos R$ 7,4 trilhões movimentados no mesmo período.

A pesquisa, que permitiu avaliar de maneira estruturada a contribuição dos setores criativos para a economia do País, contou com parcerias brasileiras e de outros países, sob a coordenação de Leandro Valiati, professor e pesquisador da Universidade de Manchester (Reino Unido) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). 

 

O estudo aponta ainda, entre outros dados, que a média salarial entre trabalhadores de cultura é maior, se comparada a outros setores da economia, além do que o setor emprega pelo menos 7,4 milhões de trabalhadores no Brasil, de acordo com números do quarto trimestre de 2022.

Ainda de acordo com os números fornecidos pelo PIB do Observatório, em 2020 mais de 130 mil empresas de cultura e indústrias criativas estavam em atividade no Brasil. Vale ressaltar que algumas bases de dados referentes a 2021 e 2022 estão desatualizadas, mas ainda assim há números sobre o último biênio que atesta que a economia criativa respondeu por 7,4 milhões de empregos formais e informais no Brasil

"São dados todos pesquisados e que podem ser cruzados e temos agora um indicador para nortear o debate. É fundamental que a gente possa provar a importância da cultura, é algo absolutamente pacificado que a arte e a cultura nos traz valores e crenças, e também é um sentimento poderoso que nós desenvolvemos economicamente um país e por isso esse trabalho de um ano e meio com trabalhadores especialistas daqui e de fora do País, com informações que nos trazem o poder da cultura no campo econômico e nos referencia com outros campos da economia", salientou Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú, instituição que integra o Observatório Itaú Cultural.
 

Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú | Crédito: Bruno Polleti

A pesquisa que culminou no PIB da Economia da Cultura e das Indústrias Criativas, se utilizou de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE), da Relação de Informações Sociais (RAIS), do Programa de Avaliação Seriada (PAS) e da Pesquisa Anual de Comércio (PAC), além das Tabelas de Recursos e Uso do IBGE (TRU), contabilizando impostos e histórico de prestação de contas da Rouanet.

"As políticas públicas para a economia criativa e para a cultura, dependem de um ecossistema. Todos os países que construíram uma organização para esses setores, tinham um ecossistema formado por governo, universidades, organizações não governamentais, fundações, organizações artísticas, a própria indústria, sindicatos, todos pertenciam ao debate sobre a relevância do setor cultural", ressaltou Leandro Valiati.

Professor e pesquisador Leandro Valiati | Crédito: Bruno Polleti

Sudeste e São Paulo lideram
A maioria dos trabalhadores do setor cultural está na Região Sudeste, seguida do Sul, Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Observando os dados como contribuição relativa regional, o Sudeste atinge 71,46% e o Sul com 20,48%. Em seguida vem o Centro-Oeste com 3,96%, o Nordeste com 3,14% e o Norte com 0,96%.

São Paulo é onde está a maioria dos trabalhadores da cultura, com pouco mais de 2,5 milhões de colaboradores do setor. Pernambuco tem em torno de 257 mil atuando na área, ficando atrás, no Nordeste, da Bahia e de Ceará, respectivamente com cerca de 280 mil e 314 mil pessoas no setor.

Vale destacar também que a cultura emprega mais pessoas de maneira formal do que informalmente. Quanto ao nível de escolaridade, o número de trabalhadores é liderado por quem tem curso superior, a maioria é da cor branca e tem entre 25 e 39 anos de idade.

Dados de Pernambuco

PIB da economia da cultura e das indústrias criativas -  dado referente a 2020:

- A contribuição de Pernambuco da Ecic para o PIB é de 0,62%

Empresas da economia criativa - dado referentes a 2021:

- O total de empresas da economia criativa é de 4.320

As categorias setoriais que compõem mais de 75% da quantidade de empresas criativas em Pernambuco são:

- Moda (54% do total)
- Publicidade e Serviços Empresariais (14%)
- Demais Serviços de Tecnologia da Informação (8%)