Documentos dos EUA lançam dúvidas sobre contraofensiva ucraniana, diz relatório
A Ucrânia se prepara para lançar uma contraofensiva sobre as tropas russas na parte oriental do país durante a primavera no Hemisfério Norte
A Inteligência americana tem sérias preocupações sobre a viabilidade de uma contraofensiva ucraniana sobre as forças militares russas, devido a problemas com treinamento e abastecimento de munições, de acordo com um documento divulgado pelo The Washington Post nesta terça-feira (11).
Este relatório faz parte de um lote de material altamente confidencial que vazou na internet, o que deu origem a uma investigação criminal. O Pentágono indicou que tal vazamento representa um risco "muito sério" à segurança nacional.
A Ucrânia se prepara para lançar uma contraofensiva sobre as tropas russas na parte oriental do país durante a primavera no Hemisfério Norte (setembro).
No entanto, este documento indica que a defesa russa e as "persistentes deficiências ucranianas em treinamento e o abastecimento de munição provavelmente dificultarão o progresso e aumentarão as baixas durante a ofensiva", informou o jornal.
Defesas degradadas e limitadas
Um documento ao qual a AFP teve acesso, classificado como "secreto", detalha o estado ruim das defesas aéreas ucranianas, fundamentais até agora para proteger o país dos ataques russos e evitar que as forças de Moscou assumam o controle dos céus.
Os aliados internacionais da Ucrânia trabalharam para reforçar as defesas aéreas deste país do leste europeu, fornecendo uma combinação de tecnologia antiga e moderna para criar defesas de várias camadas que protegem contra ataques em diferentes altitudes.
Mas o documento de fevereiro de 2023, cuja autenticidade não pôde ser confirmada imediatamente, diz que 89% das defesas aéreas de médio e longo alcance ucranianas eram compostas por sistemas SA-10 e SA-11 da era soviética e que poderiam parar de funcionar por falta de munição.
Com base no uso de munição até aquele ponto, o documento projetava que os sistemas SA-11 da Ucrânia ficariam sem mísseis disponíveis até o final de março e os SA-10 no início de maio.
Jogo duplo do Egito
Outro registro vazado sugeriu que o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, ordenou a produção de 40 mil foguetes para enviar à Rússia e pediu às autoridades que mantivessem a solicitação em segredo para "evitar problemas com o Ocidente", disse o Post em um relatório separado.
Washington, por sua vez, negou a alegação. "Não temos indícios de que o Egito esteja fornecendo capacidades de armamento letal à Rússia", disse o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby. "O Egito foi e continua sendo um importante parceiro de segurança" dos EUA, acrescentou.
Outra fonte em Washington afirmou horas antes que "o Egito é um parceiro próximo e estamos regularmente envolvidos com sua liderança em uma série de questões regionais e globais".
Aliados preocupados
Nos últimos dias, dezenas de fotos de documentos foram compartilhadas nos principais sites e redes sociais, como Twitter, Telegram e Discord, embora algumas delas estiveram em circulação na internet há semanas, senão meses, antes de começarem a receber atenção dos meios de comunicação.
Além de informações sobre a Ucrânia, os documentos também incluem análises confidenciais de aliados dos EUA, a quem as autoridades americanas agora procuram tranquilizar após a violação da segurança.
Nesse sentido, Kirby também disse que Washington está entrando em contato com aliados e parceiros em "níveis muito altos" para informá-los sobre o caso dos vazamentos.
Muitos dos documentos não estão mais disponíveis onde surgiram pela primeira vez e outros foram removidos pelos Estados Unidos.
As consequências do vazamento podem ser significativas, até mortais, e podem colocar em risco as fontes da Inteligência americana, além de fornecer informações valiosas aos inimigos do país.