Ônibus do Exército e depoimentos em salas separadas: como a PF ouvirá militares sobre atos golpistas
Oitivas ocorrem na Academia Nacional da PF, mesmo local para onde mais de 1.500 pessoas foram levadas no dia seguinte às manifestações golpistas na Praça dos Três Poderes
Oitenta e nove militares do Exército devem prestar depoimento à Polícia Federal nesta quarta-feira (12) sobre os ataques às sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro. Eles estão sendo ouvidos desde o início da manhã na Academia Nacional da PF — o mesmo local para onde mais de 1.500 pessoas foram levadas presas no dia seguinte aos atos golpistas.
A PF montou um esquema especial para realizar as oitivas simultaneamente — 50 delegados foram escalados. Pela programação definida pela corporação, 49 militares devem ser ouvidos pela manhã, a partir das 8h, e os outros 40 a partir das 14h.
Dos que foram pela manhã, a maioria chegou sem advogado. Alguns dos militares foram prestar depoimento usando a farda militar. O Exército também forneceu um ônibus e um caminhão para levar alguns dos inquiridos.
Entre os militares de alta patente que devem depor hoje estão os generais Gustavo Dutra, Carlos Feitosa Rodrigues e Carlos José Assunção.
Dutra era o ex-chefe do Comando Militar do Planalto, responsável pela área em que foi montado o acampamento golpista na frente do Quartel General, em Brasília. Ele foi remanejado para um posto na subchefia do Estado-Maior em meio a desconfianças do governo Lula.
Eles estão sendo ouvidos pela PF na condição de testemunhas no âmbito do inquérito que apura as circunstâncias que levaram aos ataques à sede dos Três Poderes. A investigação tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em depoimento à PF, comandantes da Polícia Militar do DF relataram que o Exército impediu a prisão dos acampados na noite do dia 8 de janeiro e adiou ações anteriores para desmontar o acampamento. As afirmações foram dadas pelos coronéis Fábio Augusto e Jorge Naime, que são investigados pela PF.