Após ser acusado de 'fujão' na Câmara, Dino é chamado mais uma vez para ir ao Congresso
Oposição tem investido em sabatinas com o primeiro escalão do governo Lula
Um dia depois de ser chamado de "fujão" por deputados da oposição ao abandonar uma audiência da Câmara Federal que acabou em confusão, o ministro da Justiça, Flávio Dino, foi novamente chamado a comparecer ao Congresso, desta vez em um colegiado do Senado.
Nesta quarta-feira, a Comissão de Segurança Pública do Senado, presidida pelo senador Sérgio Petecão (PSD-AC), aprovou o quinto convite para o ministro comparecer ao Congresso neste ano. A ideia é que ele compareça ao colegiado no dia 2 de maio, no dia seguinte, ele tem uma visita agendada à Câmara também.
Antes da tumultuada audiência de ontem, o ministro já havia falado aos parlamentares na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara no dia 28 de março, em outra sessão marcada por xingamentos entre base e oposição.
O convite no Senado foi aceito após o senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) ter apresentado um requerimento de convocação — em que o ministro é obrigado a ir. Segundo Petecão, como já havia uma disponibilidade de Dino comparecer à comissão, o acordo foi por um convite.
— Flávio Dino tem total disponibilidade de estar aqui. Ele já me informou que, à exceção do dia 3, porque ele estará na Câmara, ele tem interesse de comparecer a qualquer momento em que for chamado. Então, eu pediria só a sensibilidade do Senador Alessandro, porque já deliberamos sobre isso, já está marcado, ou acredito que já vai ser marcada essa data o mais rápido possível— afirmou o líder do PT no Senado, Fabiano Contarato (ES), durante a sessão.
— Vou fazer de tudo para que essa audiência seja para tirar informação e não de briga— disse Petecão ao Globo.
Sem uma base ampla no Congresso, o governo não tem sido eficaz em barrar essas audiência que colocam seus ministros frente a frente a opositores, com potencial de desgaste. Apenas nesta quarta-feira, outros cinco ministros do governo passam pela Câmara. Renan Filho (Transportes), Camilo Santana (Educação), Luiz Marinho (Trabalho) e Nísia Trindade (Saúde) conversam com os deputados.
Além deles, Anielle Franco, dos Direitos Humanos, participou de uma audiência no Senado, onde chegou a ser abraçada pela ex-ministra de Bolsonaro, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF).
O ministro da Educação, Camilo Santana, também tem agenda prevista no Senado, nos próximos dias. Ele irá falar na comissão temática. Ele deverá ser questionado sobre a suspensão do novo Ensino Médio e deve enfrentar duros questionamentos da oposição.
Dino e Segurança
Segundo o senador Petecão, Dino deve ainda receber os membros da comissão de Segurança no próximo dia 18, no Ministério da Justiça, para uma conversa sobre os projetos do seu ministério.
— Depois vai oferecer um almoço. Já viu isso? Um ministro chamar a comissão assim?— , disse.
Na sabatina de ontem, na Câmara, o ministro deixou a comissão sob gritos de "fujão" por parte dos bolsonaristas. Os deputados da base do governo Lula revidaram com "fujão é o Bolsonaro".
— Além de fazer ameaças é capaz de agredir pessoas aqui. Eles instauram um clima de ódio que é impossível fazer um debate — acrescentou ele. — Enquanto a ordem, o decoro e o regimento não forem respeitados, eu mesmo não estou obrigado a participar desse tipo de cena. Primeiro, em respeito ao povo brasileiro, porque isso custa dinheiro público. Segundo, em respeito ao cargo que eu exerço. Terceiro, em respeito ao Congresso Nacional. Essa gente não entende que essa imagem degrada a imagem da população perante o Congresso Nacional.