Financeiro

Grandes bancos dos EUA em boa saúde financeira apesar das turbulências no setor

Entre os principais figuram JPMorgan, Citigroup, WellsFargo e PNC

JPMorgan Chase fez um aporte adicional de US$ 1,1 bilhão (R$ 5,4 bilhões) para se prevenir de eventuais calotes de seus clientes. - Johannes Eisele/AFP

Quatro dos maiores bancos dos Estados Unidos apresentaram, nesta sexta (14), resultados saudáveis para o primeiro trimestre do ano, em particular, graças ao aumento das taxas de juros, sem terem sido muito afetados pelas recentes turbulências financeiras.

Também se mostram prudentes: JPMorgan Chase fez um aporte adicional de US$ 1,1 bilhão (R$ 5,4 bilhões) para se prevenir de eventuais calotes de seus clientes, em virtude da deterioração das "perspectivas econômicas".

Alguns bancos advertem que poderiam emprestar um pouco menos a pessoas físicas e empresas, nesse contexto.

Porém, a economia americana "segue em boa forma no seu conjunto", avaliou o influente Jamie Dimon, presidente do JPMorgan.

"Os consumidores seguem gastando e têm balanços sólidos, e as empresas estão em boa saúde", destacou.

Os bancos apresentaram seus resultados nesta sexta, abrindo a temporada. Entre os principais figuram JPMorgan, Citigroup, WellsFargo e PNC, que se beneficiaram da forte alta das taxas de juros que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) promove há um ano para lutar contra a inflação.

Essa situação provoca, quase mecanicamente, um aumento de seus lucros líquidos por juros, ou seja, a diferença entre os juros que ganham ao emprestar dinheiro e os juros que pagam aos correntistas que depositam seu dinheiro.

Diferenças com 2008

Os grandes bancos reconheceram que obtiveram novos clientes que preferem colocar seu dinheiro em grandes estabelecimentos do setor, considerados como muito importantes para permitir suas quebras, ao invés de bancos menores, após as falências do Silicon Valley Bank e do Signature Bank, e da liquidação de outro banco regional, o Silvergate.

A quebra desses bancos de tamanho médio e de alcance sobretudo regional foi estimulada pelas grandes retiradas de dinheiro por parte dos clientes alarmados por sinais de debilidade.

"Tivemos um período difícil em março", reconheceu o diretor financeiro do JPMorgan, Jeremy Barnum, durante uma reunião por telefone. Porém, "o sistema em seu conjunto está com uma saúde muito boa", afirmou.

Seu homólogo no Citigroup, Mark Mason, se expressou da mesma forma.

"Estamos em uma situação e com uma saúde muito diferentes" do que em 2008, quando aconteceu a crise financeira ligada aos créditos hipotecários nos Estados Unidos, que teve um alcance global.

Os grandes do setor conseguiram "em curto período" reunir 30 bilhões de dólares (cerca de R$ 148 bilhões, na cotação atual) para ajudar o First Republic em meados de março, "o que demonstra claramente a nossa solidez em termos de capital e balanço", destacou Mason.

"Estamos felizes de ter estado em condições de ajudar a sustentar o sistema financeiro americano durante os recentes acontecimentos que o afetaram", resumiu o número um do Wells Fargo, Charlie Scharf.

Lucros em forte alta

O faturamento do JPMorgan, o maior banco americano em volume de ativos, subiu 25%. Um recorde no primeiro trimestre.

O do Citigroup, terceiro maior banco do país, aumentou 12%, "apesar do ambiente agitado para os bancos", destacou sua presidente, Jane Fraser.

O JPMorgan registrou um aumento de seus lucros de 52% a 12,6 bilhões de dólares (R$ 62,1 bilhões) no período considerado na comparação com o mesmo trimestre de 2022. Wells Fargo obteve 34% a mais de lucros a 4,7  bilhões de dólares (R$ 23,19 bilhões). Citigroup 7% mais a US$ 4,6 bilhões (R$ 22,7 bilhões), e PNC esteve 18% acima com US$ 1,6 bilhões (R$ 7,9 bilhões).

Os resultados foram muito bem recebidos por Wall Street, onde os bancos subiam na bolsa, com JPMorgan na liderança com uma alta de 7% às 14h30 GMT (11h30, horário de Brasília).

Após as tensões de março, "as condições financeiras provavelmente se tornarão mais ajustadas, os financiadores se tornarão mais prudentes, e não sabemos se isso afetará os gastos de consumo", refletiu Jamie Dimon.

Por isso, para enfrentar riscos de impactos, em particular, por créditos hipotecários para fins comerciais ou em cartões de crédito, assim como o JP Morgan, Wells Fargo reservou em dinheiro adicional 643 milhões de dólares (R$ 3,1 bilhões), enquanto o Citigroup, US$ 231 milhões (R$ 1,13 bilhão)