G7 busca unidade em relação à China após declarações de Macron
Os ministros vão focar boa parte das discussões na China e no apoio à Ucrânia
Os chefes da diplomacia do G7 se reúnem nesta segunda-feira (17) no Japão para mostrar unidade diante dos desafios da China, após as controversas declarações do presidente francês, Emmanuel Macron.
Os ministros das Relações Exteriores das sete potências mais avançadas (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) terão que enfrentar a tempestade desencadeada pelo presidente francês quando, no retorno de uma viagem a Pequim, ele disse que a Europa deve evitar "crises que não são [suas]", referindo-se à posição dos Estados Unidos no conflito entre China e Taiwan.
Os ministros vão focar boa parte das discussões na China e no apoio à Ucrânia contra a invasão russa.
Desde domingo (16), o chanceler japonês, Yoshimasa Hayashi, deu o tom do encontro, insistindo que "a unidade do G7 é extremamente importante".
"A comunidade internacional está agora em um ponto de virada histórico", insistiu Hayashi nesta segunda-feira, acrescentando que o G7 "rejeita categoricamente qualquer tentativa unilateral de mudar o status quo pela força", na Ucrânia ou em qualquer outro lugar.
Sobre o conflito na Ucrânia, os chanceleres concordaram nesta segunda-feira (17) em reforçar as medidas para evitar a evasão das sanções impostas à Rússia após a invasão.
Em meio às tensões entre China e Taiwan, um destróier dos Estados Unidos navegou no Estreito de Taiwan no domingo, onde Pequim, que afirma que a ilha faz parte de seu território, sediou exercícios militares nos últimos dias.
Os Estados Unidos destacaram recentemente "a convergência de pontos de vista" sobre a China, cada vez mais forte entre americanos e europeus.
Mas, depois dos comentários de Macron, a consonância não parece tão sólida.
As viagens de Macron e outros líderes do G7 a Pequim "serão um tema de discussão" nas reuniões, segundo uma autoridade dos EUA, que pediu anonimato.
No entanto, a nível geral, será abordada a necessidade de "garantir que estamos totalmente alinhados numa visão concertada e comum", acrescentou.
Os governantes têm evitado atiçar a polêmica, ao contrário de alguns políticos europeus que criticaram duramente Macron, como o primeiro-ministro da Polônia, Mateusz Morawiecki.
Apesar destas declarações que pretendem refletir a unidade, a verdade é que os comentários do presidente francês colocam na mesa as diferenças entre os aliados, diz Jacques deLisle, do Foreign Policy Research Institute.
"Os europeus têm se aproximado das posições defendidas pelos Estados Unidos sobre China e Taiwan. Mas isso não é um consenso", acrescenta.